Tuberculose e infecção latente em funcionários de diferentes tipos de unidades prisionais

Autores

  • Péricles Alves Nogueira Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Departamento de Epidemiologia
  • Regina Maura Cabral de Melo Abrahão Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Departamento de Epidemiologia
  • Vera Maria Neder Galesi Governo do Estado de São Paulo. Secretaria de Estado da Saúde. Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac”
  • Rossana Verónica Mendoza López Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octávio Frias de Oliveira. Centro de Investigação Translacional em Oncologia

DOI:

https://doi.org/10.11606/S1518-8787.2018052007127

Palavras-chave:

Tuberculose, epidemiologia. Tuberculose Latente, diagnóstico. Prisões, recursos humanos. Fatores de Risco. Condições de Trabalho. Saúde do Trabalhador.

Resumo

OBJETIVO: Estimar a prevalência de tuberculose ativa e de infecção latente da tuberculose entre funcionários contatos e não contatos de detentos, e investigar fatores associados à infecção latente da tuberculose nesta população. MÉTODOS: Estudo observacional do tipo transversal, realizado no período de 2012 a 2015, em funcionários de diferentes unidades prisionais do município de Franco da Rocha, SP. Consistiu na aplicação de um questionário, aplicação e leitura da prova tuberculínica, baciloscopia e cultura dos escarros e exame radiológico. A associação entre as variáveis qualitativas foi calculada pelo teste qui-quadrado de Pearson e os fatores sociodemográficos e clínico-epidemiológicos relacionados à infecção latente da tuberculose foram avaliados pela regressão logística com o cálculo das odds ratios (OR) e seus respectivos intervalos com 95% de confiança (IC95%). RESULTADOS: Foram examinados 1.059 funcionários, sendo 657 (62,0%) de penitenciárias, 249 (23,5%) de unidades da Fundação CASA e 153 (14,5%) de hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico. Foi aplicada e lida a prova tuberculínica em 945 (89,2%) profissionais. Desses, 797 (84,3%) eram contatos de detentos e 148 (15,7%) não eram. Entre funcionários das penitenciárias, os fatores associados com a infecção latente da tuberculose foram os seguintes: ter contato com detento (OR = 2,12; IC95% 1,21–3,71); ser do sexo masculino (OR = 1,97; IC95% 1,19–3,27); estar na faixa etária entre 30 e 39 anos (OR = 2,98; IC95% 1,34–6,63), 40 a 49 anos (OR = 4,32; IC95% 1,94–9,60) e 50 a 59 anos (OR = 3,98; IC95% 1,68–9,43); ser da cor ou raça não branca (OR = 1,89; IC95% 1,29–2,78); e ser fumante (OR = 1,64; IC95% 1,05–2,55). Não houve exame positivo na baciloscopia e na cultura. Dos 241 (22,8%) profissionais que realizaram o exame radiológico, 48 (19,9%) apresentaram alterações, dos quais 11 eram suspeitos de tuberculose. CONCLUSÕES: Os funcionários das penitenciárias que têm contato direto com os detentos têm 2,12 vezes mais chance de se infectar pelo Mycobacterium tuberculosis no âmbito de trabalho e, consequentemente, de adoecer por tuberculose, devendo ser alvos de ações de prevenção e controle da doença.

Publicado

2018-01-29

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Nogueira, P. A., Abrahão, R. M. C. de M., Galesi, V. M. N., & López, R. V. M. (2018). Tuberculose e infecção latente em funcionários de diferentes tipos de unidades prisionais. Revista De Saúde Pública, 52, 13. https://doi.org/10.11606/S1518-8787.2018052007127