Resiliência e problemas de saúde mental em crianças e adolescentes vítimas de violência

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/S1518-8787.2019053000391

Palavras-chave:

Criança, Adolescente, Resiliência Psicológica, Violência, Fatores de Risco, Relações Familiares, Saúde Mental

Resumo

OBJETIVO: Compreender o processo de resiliência (suporte social e recursos do ambiente familiar) e a chance de problemas de saúde mental em crianças e adolescentes (9–16 anos) vítimas de violência doméstica acompanhados em serviços especializados (Grupo 1 – G1) e em escolares sem relatos de situações de violência doméstica (Grupo 2 – G2). MÉTODOS: Diversos instrumentos semiestruturados foram aplicados às díades (responsável e criança ou adolescente): Strengths and Difficulties Questionnaire (SDQ); Resiliency Scales for Children and Adolescents (RSCA), incluindo a Escala I (EI – sentido do controle), a Escala II (EII – capacidade de relacionamento) e a Escala III (EIII – reatividade emocional); Social Support Appraisals; Inventário de Recursos no Ambiente Familiar e um questionário elaborado pelos autores para caracterizar a população. RESULTADOS: Não houve diferença na prevalência de resiliência entre G1 e G2. As crianças e adolescentes de ambos os grupos tiveram maior chance de baixa resiliência na ausência de percepção do suporte social do professor (EI; EIII) e de outras pessoas da comunidade (EI; EII). Meninas apresentaram maior chance de baixa resiliência (EIII). O estabelecimento de rotina ou regras na vida das crianças e adolescentes facilitou o desenvolvimento da resiliência (EIII). No G1 a prevalência de problemas de saúde mental foi de 65% pela versão de autoaplicação do SDQ para crianças e adolescentes (SDQ/CA) e de 54% pela versão respondida pelos responsáveis (SDQ/R). No G2 foi de 33% pelo SDQ/CA e de 37,9% pelo SDQ/R. A violência doméstica infantojuvenil foi fator de risco para o desenvolvimento de transtornos mentais (SDQ/R). Os sujeitos com baixa resiliência (EI) apresentaram maior chance de problemas de saúde mental (SDQ/CA). Embora provenientes das mesmas regiões, os grupos apresentaram diferenças socioeconômicas, as quais não apresentaram relação com a resiliência. CONCLUSÕES: A qualidade e percepção do suporte social e de recursos presentes no ambiente familiar podem ter facilitado o desenvolvimento da resiliência nas crianças e adolescentes estudados. A violência pode ter aumentado a chance de problemas de saúde mental, sendo a violência doméstica um agravante. Há necessidade de pesquisas sobre os aspectos preditores de resiliência e de investimento em estratégias de intervenção para esta população, como forma de promover a saúde mental.

Publicado

2019-01-30

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Hildebrand, N. A., Celeri, E. H. R. V., Morcillo, A. M., & Zanolli, M. de L. (2019). Resiliência e problemas de saúde mental em crianças e adolescentes vítimas de violência. Revista De Saúde Pública, 53, 17. https://doi.org/10.11606/S1518-8787.2019053000391