Exposição a agentes químicos no trabalho no Brasil: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054001461

Palavras-chave:

Exposição ocupacional, Compostos Químicos, Condições de Trabalho, Saúde do Trabalhador, Inquéritos Epidemiológicos, Pesquisa Nacional de Saúde

Resumo

 

OBJETIVO: Descrever os fatores associados e a prevalência de exposição autorrelatada a substâncias químicas no trabalho em uma amostra de adultos brasileiros que participaram da Pesquisa Nacional de Saúde, realizada entre 2013 e 2014. MÉTODOS: A amostra para análise da exposição foi constituída por trabalhadores com 18 anos ou mais de idade que responderam à questão E1 do módulo E: “Na semana de 21 a 27 de julho de 2013 (semana de referência), você trabalhou ou estagiou, durante pelo menos uma hora, em alguma atividade remunerada em dinheiro?” Os dados sociodemográficos, situação e comportamentos de saúde foram analisados com regressão logística binária uni e multivariada. O modelo foi ajustado pelas variáveis de todos os blocos, adotando-se o nível de significância de 5%. Obtiveram-se os valores de odds ratio (OR) e respectivos intervalos de confiança. RESULTADOS: Mulheres (OR = 0,74; IC95% 0,66–0,82) tiveram menor chance de exposição a substâncias químicas. As maiores chances foram observadas nos grupos com nível fundamental de instrução ou sem instrução (OR = 1,77; IC95% 1,50–2,08), nível médio de instrução (OR = 1,62; IC95% 1,37–1,91), idade entre 25 e 54 anos (OR = 1,26; IC95% 1,07–1,48), fumantes atuais (OR = 1,21; IC95% 1,07–1,37), com problemas de cansaço (OR = 1,35; IC95% 1,21–1,50), com dificuldade auditiva (OR = 1,24; IC95% 1,04–1,48) e que relataram ter sofrido acidente de trabalho (OR = 2,00; IC95% 1,57–2,54). CONCLUSÕES: Os resultados inéditos abrangem o conjunto da força de trabalho. Associações positivas com cansaço, dificuldade auditiva, acidentes de trabalho e tabagismo, assim como a associação inversa com o nível de escolaridade, além das diferenças de gênero, são consistentes. A ausência de associação com asma foi surpreendente. A fim de preencher lacunas nas investigações sobre doenças crônicas não transmissíveis em adultos, sugere-se aperfeiçoar o instrumento da Pesquisa Nacional de Saúde na dimensão ocupacional.

DESCRITORES: Exposição Ocupacional. Compostos Químicos. Condições de Trabalho. Saúde do Trabalhador. Inquéritos Epidemiológicos. Pesquisa Nacional de Saúde.

Referências

Malta DC, Felisbino-Mendes MS, Machado IE, Passos VMA, Abreu DMX, Ishitani LH, et al. Fatores de risco relacionados à carga global de doença do Brasil e Unidades Federadas, 2015. Rev Bras Epidemiol. 2017;20 Supl 1:217-32. http://doi.org/10.1590/1980-5497201700050018

Levy L. Chemical hazards in the workplace: an overview. Occup Med (Lond). 2004;54(2):67-8. https://doi.org/10.1093/occmed/kqh017

United Nations Environment Programme. Global chemicals outlook: towards sound management of chemicals. Nairobi (KEN): UNEP; 2013 [citado 21 abr 2018]. Disponível em: https://sustainabledevelopment.un.org/index.php?page=view&type=400&nr=1966&menu=35

Hutter HP, Kundi M, Lemmerer K, Poteser M, Weitensfelder L, Wallner P, et al. Subjective symptoms of male workers linked to occupational pesticide exposure on coffee plantations in the Jarabacoa Region, Dominican Republic. Int J Environ Res Public Health. 2018;15(10):2099. https//doi.org/10.3390/ijerph15102099

Sadhra SS, Kurmi OP, Chambers H, Lam KBH, Fishwick D; The Occupational COPD Research Group. Development of an occupational airborne chemical exposure matrix. Occup Med (Lond). 2016;66(5):358-64. https://doi.org/10.1093/occmed/kqw027

Azevedo e Silva G, Moura L, Curado MP, Gomes FS, Otero U, Rezende LFM, et al. The fraction of cancer attributable to ways of life, infections, occupation, and environmental agents in Brazil in 2020. PLoS One. 2016;11(2):e0148761. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0148761

Kalleberg AL. Precarious work, insecure workers: employment relations in transition. Am Sociol Rev. 2009;74(1):1-22. https://doi.org/10.1177/000312240907400101

Schulte PA, Pana-Cryan R, Schnorr T, Schill AL, Guerin R, Felknor S, et al. An approach to assess the burden of work-related injury, disease, and distress. Am J Public Health. 2017;107(7):1051-7. https://doi.org/10.2105/AJPH.2017.303765

Otero UB, Mello MSC. Fração atribuível a fatores de risco ocupacionais para câncer no Brasil: evidências e limitações. Rev Bras Cancerol. 2016;62(1):43-5.

Castro TGM, Lima EP, Assunção AA. Panorama dos inquéritos ocupacionais no Brasil (2005-2015): uma revisão sistemática da literatura. Cienc Saude Coletiva. 2019;24(8):2923-32. https://doi.org/10.1590/1413-81232018248.18042017

Weiler A. Working conditions surveys: a comparative analysis: report. Dublin (IRL): European Foundation for the Improvement of Living and Working Conditions; 2007 [citado 17 jan 2019]. Diponível em: https://www.eurofound.europa.eu/publications/report/2007/working-conditions/working-conditions-surveys-a-comparative-analysis.

Sabastizagal I, Vives A, Astete J, Burgos M, Gimeno-Ruiz de Porras D, Benavides FG. Fiabilidad y cumplimiento de las preguntas sobre condiciones de trabajo incluidas en el cuestionario CTESLAC: resultados del Estudio sobre Condiciones de Trabajo, Seguridad y Salud en Perú. Arch Prev Riesgos Labor. 2018;21(4):196-202.

Malta DC, Leal MC, Costa MFL, Morais Neto OL. Inquéritos Nacionais de Saúde: experiência acumulada e proposta para o inquérito de saúde brasileiro. Rev Bras Epidemiol. 2008;11 Supl 1:159-67. https:/doi.org/10.1590/S1415-790X2008000500017

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Nacional de Saúde 2013: percepção do estado de saúde, estilos de vida e doenças crônicas: Brasil, Grandes Regiões e Unidades da Federação. Rio de Janeiro: IBGE; 2014 [citado 17 jan 2019]. Disponível em: ftp://ftp.ibge.gov.br/PNS/2013/pns2013.pdf

Benavides FG, Merino-Salazar P, Cornelio C, Assunção AA, Agudelo-Suárez AA, Amable M, et al. Cuestionario básico y criterios metodológicos para las Encuestas sobre Condiciones de Trabajo, Empleo y Salud en América Latina y el Caribe. Cad Saude Publica. 2016;32(9):e00210715. https://doi.org/10.1590/0102-311x00210715

Macinko J, Mullachery P, Silver D, Jimenez G, Morais Neto OL. Patterns of alcohol consumption and related behaviors in Brazil: evidence from the 2013 National Health Survey (PNS 2013). PLoS One. 2015;10(7):e0134153. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0134153

Mullachery P, Silver D, Macinko J. Changes in health care inequity in Brazil between 2008 and 2013. Int J Equity Health. 2016;15:140. https://doi.org/10.1186/s12939-016-0431-8

Lotufo PA. Cardiovascular diseases in Brazil: premature mortality, risk factors and priorities for action. Comments on the preliminary results from the Brazilian National Health Survey (PNS), 2013. Sao Paulo Med J. 2015;133(2):69-72. https://doi.org/10.1590/1516-3180.2015.13320018

Souza-Júnior PRB, Freitas MPS, Antonaci GA, Szwarcwald CL. Desenho da amostra da Pesquisa Nacional de Saúde 2013. Epidemiol Serv Saude. 2015;24(2):207-16. https://doi.org/10.5123/S1679-49742015000200003

Krieger N, Chen JT, Waterman PD, Hartman C, Stoddard AM, Quinn MM, et al. The inverse hazard law: blood pressure, sexual harassment, racial discrimination, workplace abuse and occupational exposures in US low-income black, white and Latino workers. Soc Sci Med. 2008;67(12):1970-81. https://doi.org/10.1016/j.socscimed.2008.09.039

Vincent R. Les produits chimiques au travail: des risques souvent ignorés. Hyg Secur Travail. 2015;238:22-5.

Benavides FG, López-Ruiz M, Rojas M, Herrera MSP, Chavarría J, Cornelio C, et al. Informe de salud ocupacional en América Latina y el Caribe, brechas de desigualdad en la salud de las personas que trabajan. Heredia (CRI): Saltra/ IRET-UNA; 2018.

Messing K, Stellman JM. Sex, gender and women's occupational health: the importance of considering mechanism. Environ Res. 2006;101(2):149-62. https://doi.org/10.1016/j.envres.2005.03.015

Saboia, J. Descentralização industrial no Brasil na década de noventa: um processo dinâmico e diferenciado regionalmente. Nova Econ. 2009;11(2):85-122.

Kubrusly LS. A população ocupada e a renda no Brasil: encontros e desencontros. Econ Soc. 2011;20(3):567-600. https://doi.org/10.1590/S0104-06182011000300005

Guida HL, Morini RG, Cardoso ACV. Avaliação audiológica em trabalhadores expostos a ruído e praguicida. Braz J Othorhinolaryngol. 2010;76(4):423-7. https://doi.org/10.1590/S1808-86942010000400003

Sexton K, Linder SH. Cumulative risk assessment for combined health effects from chemical and nonchemical stressors. Am J Public Health. 2011;101 Suppl 1:S81-8. https://doi.org/10.2105/AJPH.2011.300118

Das-Munshi J, Rubin GJ, Wessely S. Multiple chemical sensitivities: A systematic review of provocation studies. J Allergy Clin Immunol. 2006;118(6):1257-64. https://doi.org/10.1016/j.jaci.2006.07.046

Mandiracioglu A, Akgur S, Kocabiyik N, Sener U. Evaluation of neuropsychological symptoms and exposure to benzene, toluene and xylene among two different furniture worker groups in Izmir. Toxicol Ind Health. 2011;27(9):802-9. https://doi.org/10.1177/0748233711399309

Lemière C, Boulet LP, Chaboillez S, Forget A, Chiry S, Villeneuve H, et al. Work-exacerbated asthma and occupational asthma: do they really differ? J Allergy Clin Immunol. 2013;131(3):704-10. https://doi.org/10.1016/j.jaci.2012.08.024

Naimi AI, Richardson DB, Cole SR. Causal inference in occupational epidemiology: accounting for the healthy worker effect by using structural nested models. Am J Epidemiol. 2013;178(12):681-6. https://doi.org/10.1093/aje/kwt215

Chin DL, Hong O, Gillen M, Bates MN, Okechukwu CA. Cigarette smoking in building trades workers: the impact of work environment. Am J Ind Med. 2012;55(5):429-39. https://doi.org/10.1002/ajim.22031

Malta DC, Vieira ML, Szwarcwald CL, Caixeta R, Brito SMF, Reis AAC.. Tendência de fumantes na população Brasileira segundo a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios 2008 e a Pesquisa Nacional de Saúde 2013. Rev Bras Epidemiol. 2015;18 Supl 2:45-56. https://doi.org/10.1590/1980-5497201500060005

Merino-Salazar P, Artazcoz L, Campos-Serna J, Gimeno D, Benavides FG. National working conditions surveys in Latin America: comparison of methodological characteristics. Int J Occup Environl Health. 2015;21(3):266-74. https://doi.org/10.1179/2049396715Y.0000000004

Hoppin JA, Yucel F, Dosemeci M, Sandler DP. Accuracy of self-reported pesticide use duration information from licensed pesticide applicators in the Agricultural Health Study. J Exp Anal Environ Epidemiol. 2002;12(5):313-8. https://doi.org/10.1038/sj.jea.7500232

Publicado

2020-09-04

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Assunção, A. Ávila ., Abreu, M. N. S. ., & Souza, . P. S. N. . (2020). Exposição a agentes químicos no trabalho no Brasil: resultados da Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Revista De Saúde Pública, 54, 92. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2020054001461

Dados de financiamento