Padrões alimentares de adultos brasileiros em 2008–2009 e 2017–2018
DOI:
https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2021055003437Palavras-chave:
Adulto, Comportamento Alimentar, Análise Fatorial, Fatores Socioeconômicos, Inquéritos sobre DietasResumo
OBJETIVOS Identificar padrões alimentares entre adultos brasileiros a partir dos Inquéritos Nacionais de Alimentação (INA) 2008–2009 e 2017–2018, verificando, nesse último período, a aderência aos padrões de acordo com fatores sociodemográficos e regiões brasileiras. MÉTODOS Foram analisados dados do primeiro de dois dias de consumo alimentar de adultos (19–59 anos de idade) entrevistados nos INA 2008–2009 (n = 21.630) e 2017–2018 (n = 28.901). Os padrões alimentares foram derivados por análise fatorial exploratória a partir de 19 grupos de alimentos, considerando a complexidade do desenho amostral. Para o INA 2017–2018, os escores fatoriais foram avaliados de acordo com sexo, faixa etária, região, renda per capita e escolaridade. RESULTADOS Foram identificados três padrões nos dois inquéritos: (1) “tradicional”, caracterizado por arroz, feijão e carnes; (2) “pães e manteiga/margarina”, caracterizado por pães, óleos e gorduras (incluindo margarina/manteiga) e, em 2008–2009, café e chás; e (3) “ocidental”, caracterizado por refrigerantes e pizzas e salgados, além de farinhas e massas e doces em 2017–2018. O padrão “tradicional” teve maior aderência entre homens, moradores da região Centro-Oeste e indivíduos com ensino fundamental incompleto. Para o padrão “pães e manteiga/margarina”, observou-se maior aderência entre o sexo masculino, indivíduos com idade entre 40 e 59 anos, da região Sudeste e com renda entre 1 e 2 salários-mínimos per capita. Indivíduos do sexo masculino, com idades entre 19 e 39 anos, da região Sul, com renda per capita maior que dois salários-mínimos e escolaridade igual ou maior que o ensino fundamental foram os que apresentaram maior adesão ao padrão “ocidental”. CONCLUSÃO Os padrões alimentares identificados em 2008–2009 e 2017–2018 foram similares, com manutenção do padrão “tradicional”, que inclui arroz, feijão e carnes. A adesão aos padrões varia de acordo com sexo, faixa etária, região, renda per capita e escolaridade.
Referências
Michels KB, Schulze MB. Can dietary patterns help us detect diet–disease associations? Nutr Res Rev. 2005;18(2):241-8. https://doi.org/10.1079/NRR2005107
Cardoso LO, Carvalho MS, Cruz OG, Melere C, Luft VC, Molina MCB, et al. Eating patterns in the Brazilian Longitudinal Study of Adult Health (ELSA-Brasil): an exploratory analysis. Cad Saude Publica. 2016;32(5):e00066215. https://doi.org/10.1590/0102-311X00066215
Cunha DB, Almeida RMVR, Sichieri R, Pereira RA. Association of dietary patterns with BMI and waist circumference in a low-income neighbourhood in Brazil. Br J Nutr. 2010;104(6):908-13. https://doi.org/10.1017/S0007114510001479
Santos RO, Fisberg RM, Marchioni DM, Baltar VT. Dietary patterns for meals of Brazilian adults. Br J Nutr. 2015;114(5):822-8. https://doi.org/10.1017/S0007114515002445
Massarani FA, Cunha DB, Muraro AP, Souza BSN, Sichieri R, Yokoo EM. Agregação familiar e padrões alimentares na população brasileira. Cad Saude Publica. 2015;31(12):2535-45. https://doi.org/10.1590/0102-311X00090314
Romeiro ACT, Curioni CC, Bezerra FF, Faerstein E. Determinantes sociodemográficos do padrão de consumo de alimentos: Estudo Pró-Saúde. Rev Bras Epidemiol. 2020;23:e200090. https://doi.org/10.1590/1980-549720200090
Sichieri R. Dietary patterns and their associations with obesity in the Brazilian city of Rio de Janeiro. Obes Res. 2002;10(1):42-8. https://doi.org/10.1038/oby.2002.6
Santos IKS, Conde WL. Tendência de padrões alimentares entre adultos das capitais brasileiras. Rev Bras Epidemiol. 2020;23:e200035. https://doi.org/10.1590/1980-549720200035
Martins APB, Levy RB, Claro RM, Moubarac JC, Monteiro CA. Participação crescente de produtos ultraprocessados na dieta brasileira (1987-2009). Rev Saude Publica. 2013;47(4):656-65. https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2013047004968
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa de Orçamentos Familiares: 2008-2009: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2011. [cited 2020 Nov 30]. Available from: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv50063.pdf
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017 - 2018: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2020 [cited 2020 Nov 30]. Available from: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101742.pdf
Conway JM, Ingwersen LA, Vinyard BT, Moshfegh AJ. Effectiveness of the US Department of Agriculture 5-step multiple-pass method in assessing food intake in obese and nonobese women. Am J Clin Nutr. 2003;77(5):1171-8. https://doi.org/10.1093/ajcn/77.5.1171
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009: tabela de medidas referidas para os alimentos consumidos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2011 [cited 2020 Nov 30]. Available from: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv50000.pdf
Johnson RA, Wichern DW. Applied multivariate statistical analysis. 6. rev. ed. Prentice Hall, NJ: Pearson; 2007.
Kerver JM, Yang EJ, Bianchi L, Song WO. Dietary patterns associated with risk factors for cardiovascular disease in healthy US adults. Am J Clin Nutr. 2003;78(6):1103-10. https://doi.org/10.1093/ajcn/78.6.1103
Vilela AAF, Sichieri R, Pereira RA, Cunha DB, Rodrigues PRM, Gonçalves-Silva RMV, et al. Dietary patterns associated with anthropometric indicators of abdominal fat in adults. Cad Saude Publica. 2014;30(3):502-10. https://doi.org/10.1590/0102-311X00167512
Selem SSC, Castro MA, César CLG, Marchioni DM, Fisberg RM. Associations between dietary patterns and self-reported hypertension among Brazilian adults: a cross-sectional population-based study. J Acad Nutr Diet. 2014;114(8):1216-22. https://doi.org/10.1016/j.jand.2014.01.007
Pan A, Sun Q, Bernstein AM, Schulze MB, Manson JE, Stampfer MJ, et al. Red meat consumption and mortality. Arch Intern Med. 2012;172(7):555-63. https://doi.org/10.1001/archinternmed.2011.2287
Willett W, Rockström J, Loken B, Springmann M, Lang T, Vermeulen S, et al. Food in the Anthropocene: the EAT–Lancet Commission on healthy diets from sustainable food systems. Lancet. 2019;393(10170):447-92. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(18)31788-4
Carvalho AM, Selem SSC, Miranda AM, Marchioni DM. Excessive red and processed meat intake: relations with health and environment in Brazil. Br J Nutr. 2016;115(11):2011-6. https://doi.org/10.1017/S0007114516000969
Baltar VT, Cunha DB, Santos RO, Marchioni DM, Sichieri R. Breakfast patterns and their association with body mass index in Brazilian adults. Cad Saude Publica. 2018;34(6):e00111917. https://doi.org/10.1590/0102-311x00111917
Medina-Remón A, Kirwan R, Lamuela-Raventós RM, Estruch R. Dietary patterns and the risk of obesity, type 2 diabetes mellitus, cardiovascular diseases, asthma, and neurodegenerative diseases. Crit Rev Food Sci Nutr. 2018;58(2):262-96. https://doi.org/10.1080/10408398.2016.1158690
Rezagholizadeh F, Djafarian K, Khosravi S, Shab-Bidar S. A posteriori healthy dietary patterns may decrease the risk of central obesity: findings from a systematic review and meta-analysis. Nutr Res. 2017;41:1-13. https://doi.org/10.1016/j.nutres.2017.01.006
McEvoy CT, Cardwell CR, Woodside JV, Young IS, Hunter SJ, McKinley MC. A posteriori dietary patterns are related to risk of type 2 diabetes: findings from a systematic review and meta-analysis. J Acad Nutr Diet. 2014;114(11):1759-75.e4. https://doi.org/10.1016/j.jand.2014.05.001
Satija A, Hu FB. Plant-based diets and cardiovascular health. Trends Cardiovasc Med. 2018;28(7):437-41. https://doi.org/10.1016/j.tcm.2018.02.004
Arruda SPM, Silva AAM, Kac G, Goldani MZ, Bettiol H, Barbieri MA. Socioeconomic and demographic factors are associated with dietary patterns in a cohort of young Brazilian adults. BMC Public Health. 2014;14:654. https://doi.org/10.1186/1471-2458-14-654
Jaime PC, Stopa SR, Oliveira TP, Vieira ML, Szwarcwald CL, Malta DC. Prevalência e distribuição sociodemográfica de marcadores de alimentação saudável, Pesquisa Nacional de Saúde, Brasil 2013. Epidemiol Serv Saude. 2015;24(2):267-76. https://doi.org/10.5123/S1679-49742015000200009
Levy RB, Claro RM, Mondini L, Sichieri R, Monteiro CA. Distribuição regional e socioeconômica da disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil em 2008-2009. Rev Saude Publica. 2012;46(1):6-15. https://doi.org/10.1590/S0034-89102011005000088
Souza AM, Pereira RA, Yokoo EM, Levy RB, Sichieri R. Alimentos mais consumidos no Brasil: Inquérito Nacional de Alimentação 2008-2009. Rev Saude Publica. 2013;47 Supl 1:190s-9s. https://doi.org/10.1590/S0034-89102013000700005
Medina LPB, Barros MBA, Sousa NFS, Bastos TF, Lima MG, Szwarcwald CL. Desigualdades sociais no perfil de consumo de alimentos da população brasileira: Pesquisa Nacional de Saúde, 2013. Rev Bras Epidemiol. 2019;22 Supl 2:e190011.supl.2. https://doi.org/10.1590/1980-549720190011.supl.2
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Anna Beatriz Souza Antunes, Diana Barbosa Cunha, Valéria Troncoso Baltar, Josiane Steluti, Rosangela Alves Pereira, Edna Massae Yokoo, Rosely Sichieri, Dirce Maria Marchioni
![Creative Commons License](http://i.creativecommons.org/l/by/4.0/88x31.png)
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Como Citar
Dados de financiamento
-
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Números do Financiamento 443369/2016-0 -
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Números do Financiamento Código de Financiamento 001