Fragilidade e rede social entre adultos brasileiros mais velhos: evidências do ELSI-Brasil
DOI:
https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2024058005525Palavras-chave:
Relações Sociais, Apoio Social, Fragilidade, EnvelhecimentoResumo
OBJETIVO: Investigar os elementos da rede social associados à síndrome da fragilidade em
adultos brasileiros mais velhos.
MÉTODOS: Foram utilizados dados da linha de base do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil, 2015–2016). Definiu-se a fragilidade pelo fenótipo de Fried (perda de peso, exaustão, fraqueza, lentidão da marcha e baixo nível de atividade física). A rede social foi avaliada a partir do modelo conceitual de Berkman e Krishna (estrutura da rede social, característica dos laços da rede social, apoio social e interação social negativa). Potenciais variáveis de confusão incluíram características sociodemográficas (idade, sexo, escolaridade, cor autorreferida, renda familiar per capita e local de moradia) e de saúde (polifarmácia,multimorbidade, depressão, quedas, hospitalização e função cognitiva). As análises foram baseadas na regressão logística multinomial.
RESULTADOS: Entre os 8.629 participantes, 53,5% eram pré-frágeis e 9,1% frágeis. Os elementos da rede social que foram consistentemente associados à pré-fragilidade e à fragilidade são os seguintes: característica dos laços da rede social, apoio social e interação social negativa. Associação positiva foi encontrada para frequência menor que semanal de contato virtual com filhos(as) (OR = 1,15; IC95% 1,01–1,33 para pré-fragilidade e OR = 1,51; IC95% 1,13–2,02 para fragilidade) e para solidão (OR = 1,36; IC95% 1,19–1,56 para pré-fragilidade e OR=1,40; IC95% 1,12–1,75 para fragilidade). Associação negativa foi encontrada para apoio social (ajuda com empréstimos) (OR = 0,75; IC95% 0,60–0,94 para pré-fragilidade e OR = 0,54; IC95% 0,40–0,74 para fragilidade). Contudo, a percepção de críticas associou-se somente à fragilidade (OR = 1,35;IC95% 1,11–1,64).
CONCLUSÃO: A rede social é um elemento importante para a diminuição/prevenção da fragilidade em adultos mais velhos. Desse modo, políticas públicas, profissionais da saúde e da assistência social devem abranger a rede social de adultos mais velhos, em relação à característica dos laços da rede social, ao apoio social e à interação social negativa.
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