A expansão da hanseníase no nordeste brasileiro

Autores

  • Maria de Fátima P. Militão de Albuquerque Universidade Federal de Pernambuco; Departamento de Medicina Clínica
  • Heloísa Maria Mendonça de Morais Universidade Federal de Pernambuco; Departamento de Medicina Social
  • Ricardo Ximenes Universidade Federal de Pernambuco; Departamento de Medicina Tropical

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89101989000200004

Palavras-chave:

Hanseníase^i1^sincidên, Urbanização^i1^stendênc, Prevalência

Resumo

Caracterizou-se a situação epidemiológica da hanseníase na cidade de Recife, Estado de Pernambuco, Brasil, entre 1960 e 1985, pela análise de 3.923 fichas clínico-epidemiológicas de pacientes notificados à Secretaria de Saúde do Estado de Pernambuco, Brasil. Foram calculados os coeficientes de detecção de casos brutos e específicos por sexo, grupo etário e forma clínica, além de analisados o modo de detecção dos casos e o intervalo de tempo decorrido entre o aparecimento dos sintomas e o diagnóstico de hanseníase. O estudo da tendência temporal do coeficiente de detecção de casos revelou um crescimento progressivo de 5,5:100 000 habitantes em 1960 para 36,1:100 000 habitantes, em 1985. O predomínio da forma tuberculóide e o elevado percentual de menores de 15 anos acometidos pela doença podem estar refletindo a expansão da endemia na cidade do Recife, PE. A diminuição e estabilização do intervalo de tempo decorrido desde o aparecimento dos sintomas até o diagnóstico de hanseníase, a partir de 1979, foram consideradas indicadores da detecção mais precoce dos casos e, conseqüentemente, da aproximação do coeficiente de detecção de casos do coeficiente de incidência. Entre 1970 e 1985, o modo de detecção de casos mais freqüente foi a consulta dermatológica, seguida pela notificação; apenas 14,2% dos casos foram descobertos através da vigilância de comunicantes. A análise dos indicadores epidemiológicos e operacionais sugere que o aumento expressivo do coeficiente de detecção de casos deve ser resultado tanto da expansão da endemia quanto da implementação de algumas das ações de controle. Já o coeficiente de prevalência calculado para a cidade do Recife, em dezembro de 1985, foi de 2,04/mil habitantes, situando-se a cidade como área de alta endemicidade para a hanseníase, pelos critérios da Organização Mundial de Saúde.

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Publicado

1989-04-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Albuquerque, M. de F. P. M. de, Morais, H. M. M. de, & Ximenes, R. (1989). A expansão da hanseníase no nordeste brasileiro . Revista De Saúde Pública, 23(2), 107-116. https://doi.org/10.1590/S0034-89101989000200004