Descrição e avaliação de um escore de consumo de alimentos ultraprocessados para crianças
DOI:
https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2025059005816Palavras-chave:
Ingestão de Alimentos, Alimento Processado, Nutrição da Criança, Inquéritos e Questionários, Estudo de ValidaçãoResumo
OBJETIVO: Apresentar um rastreador para consumo de alimentos ultraprocessados para crianças na primeira infância, avaliando a capacidade do escore gerado por esse rastreador de refletir a participação de alimentos ultraprocessados na alimentação das crianças. MÉTODOS: Estudo realizado com uma subamostra de conveniência da Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2015 (n = 365). As mães das crianças participantes responderam a um questionário de consumo alimentar no dia anterior à entrevista (rastreador) contendo 16 subgrupos de alimentos ultraprocessados, seguido por um recordatório alimentar tradicional de 24 horas (R24h). O escore de consumo de alimentos ultraprocessados de cada participante correspondeu ao número de subgrupos de alimentos consumidos e o percentual de energia proveniente da participação dos alimentos ultraprocessados na alimentação do mesmo dia foi calculado a partir das respostas do R24h. A associação entre o escore e o percentual de energia proveniente de alimentos ultraprocessados foi testada por modelos de regressão linear. A avaliação do grau de concordância entre a classificação dos participantes segundo quintos aproximados do percentual de calorias de alimentos ultraprocessados e segundo os intervalos do escore foi feita a partir do índice Pabak. RESULTADOS: O percentual médio de participação de alimentos ultraprocessados no valor calórico total da dieta, calculado com base no R24h, foi direta e significativamente associado com o aumento do escore de consumo de alimentos ultraprocessados. Foi observada concordância substancial entre os intervalos do escore de consumo de alimentos ultraprocessados, obtido pelo rastreador, e os quintos aproximados da participação de alimentos ultraprocessados na dieta, calculada pelo R24h (índice Pabak = 0,65). CONCLUSÕES: O escore de consumo de alimentos ultraprocessados, obtido a partir de um rastreador de consumo de alimentos ultraprocessados, um instrumento prático e ágil, é capaz de refletir a participação de alimentos ultraprocessados na alimentação das crianças, no que diz respeito à Coorte de Nascimentos de Pelotas de 2015.
Referências
Monteiro CA, Cannon G, Levy RB, Moubarac J-C, Louzada MLC, Rauber F, et al. Ultra-processed foods: what they are and how to identify them. Public Health Nutr. 2019 Apr;22(5):936-41. https://doi.org/10.1017/S1368980018003762 https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2025059005816 8 Rev. Saude Publica I v.59 I e5 I 2025Escore de ultraprocessados para crianças Muller A et al.
Monteiro CA, Canon G, Lawrence M, Louzada MLC, Machado PP. Ultra-processed foods, diet quality, and health using the NOVA classification system. Rome: FAO; 2019.
Martini D, Godos J, Bonaccio M, Vitaglione P, Grosso G. Ultra-processed foods and nutritional dietary profile: a meta-analysis of nationally representative samples. Nutrients. 2021 Sep;13(10):3390. https://doi.org/10.3390/nu13103390
Reid AE, Chaunan BF, Rabbani R, Lys J, Copsteir L, Mann A, et al. Early exposure to nonnutritive sweeteners and long-term metabolic health: a systematic review. Pediatrics. 2016 Mar;137(3):e20153603. https://doi.org/10.1542/peds.2015-3603
Louzada MLC, Costa CS, Souza TN, Cruz GL, Levy RB, Moneiro CA. Impacto do consumo de alimentos ultraprocessados na saúde de crianças, adolescentes e adultos: revisão de escopo. Cad Saude Publica. 2021;37 Suppl 1:e00323020. https://doi.org/10.1590/0102-311X00323020
Sattamini IF. Instrumentos de avaliação da qualidade de dietas: desenvolvimento, adaptação e validação no Brasil [tese]. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo; 2019
Universidade de São Paulo. Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde. QuestNova: manual de uso para pesquisadores. São Paulo: Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde; 2024.
Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2018: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2018. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2019b.
Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2019 : vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2019. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2020.
Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2020: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2020. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2021.
NUTRINET Brasil. Relatório do estudo Nutrinet Brasil: avaliação do impacto da alimentação na saúde dos brasileiros. São Paulo: Universidade de São Paulo; 2021 [citado 1 out. 2022]. Disponível em: http://www.nutrinetsaude.com.br/relatorio2021.
Hallal PC, Bertoldi A, Domingues MR, Silveira MF, Demarco FF, Silva ICM, et al. Cohort Profile: the 2015 Pelotas (Brazil) Birth Cohort Study. Int J Epidemiol. 2018 Aug;47(4):1048-1048h. https://doi.org/10.1093/ije/dyx219
Harris PA, Taylor R, Theilke R, Payne J. Research electronic data capture (REDCap): a metadata-driven methodology and workflow process for providing translational research informatics support. J Biomed Inform. 2009;42(2):377-81. https://doi.org/10.1016/j.jbi.2008.08.010
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Diretoria de Pesquisas. Coordenação de Trabalho e Rendimento. Pesquisa de Orçamentos Familiares 2008-2009. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; 2010.
Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Nutrição Josué de Castro. Manual de quantificação alimentar infantil do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (ENANI-2019). Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2020 [citado 31 jan. 2022]. Disponível em: https://enani.nutricao.ufrj.br/wp-content/uploads/2019/06/Manualquantificacao-alimentar-infantil-BR.pdf
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009: tabelas de composição nutricional dos alimentos consumidos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2011 [citado 22 mai. 2023]. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/ liv50002.pdf.
Bielemann RM, Motta JVS, Minten GC, Horta BL, Gigante DP. Consumption of ultra-processed foods and their impact on the diet of young adults. Rev Saude Publica. 2015;49:28. https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2015049005572
Landis JR, Koch GG. The measurement of observer agreement for categorical data. Biometrics. 1977;33(1):159-74. https://doi.org/10.2307/2529310
Costa CDS, Faria FR, Gabe KT, Sattamini IF, Khandpur N, Leite FHM, et al. Escore Nova de consumo de alimentos ultraprocessados: descrição e avaliação de desempenho no Brasil. Rev Saude Publica, 2021 Apr;55:13. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2021055003588
Pereira AM,Buffarini R, Domingues MR, Barros FCLF, Silveira MF. Consumo de alimentos ultraprocessados por crianças de uma Coorte de Nascimentos de Pelotas. Rev Saude Publica. 2022;56:79. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2022056003822
Costa CDS, Buffarini R, Flores TR, Neri D, Freitas Silveira M, Monteiro CA. Consumption of ultra-processed foods and growth outcomes in early childhood: 2015 Pelotas Birth Cohort. Br J Nutr. 2022 Sep 12:1-8. https://doi.org/10.1017/S0007114522002926
Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Atenção Primária à Saúde, Departamento de Promoção da Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2019.
Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira. 2a ed. Brasília, DF : Ministério da Saúde; 2014.
Cade J, Thompson R, Burley V, Warm D. Development, validation and utilisation of food-frequency questionnaires: a review. Public Health Nutr. 2002;5(4):567-87. https://doi.org/10.1079/PHN2001318
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Anna Müller, Caroline dos Santos Costa, Romina Buffarini, Juliana dos Santos Vaz, Marlos Rodrigues Domingues, Pedro Curi Hallal, Janaina Vieira dos Santos Motta

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Como Citar
Dados de financiamento
-
Associação Brasileira de Saúde Coletiva
Números do Financiamento 095582 -
Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
Números do Financiamento 407813/2021-7;406582/2021-1 -
Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul
Números do Financiamento 21/2551-0002004-0 -
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
Números do Financiamento 001