Síndrome congênita da zika: acesso geográfico à rede de atenção à saúde

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2025059006562

Palavras-chave:

Epidemiologia, Infecção por Zika Vírus, Saúde Materno-Infantil, Assistência Integral à Saúde, Acesso Universal aos Serviços de Saúde

Resumo

OBJETIVO: Analisar o acesso geográfico das crianças c om a síndrome congênita da zika (SCZ), diagnosticadas entre 2015 e 2017 residentes do município do Rio de Janeiro, aos serviços de reabilitação. MÉTODOS: Estudo ecológico, pautado na análise espacial. Foram construídos mapas de fluxo utilizando o QGis 3.36.3 e calculadas as distâncias, o tempo e o custo entre os serviços de reabilitação e as residências das crianças com SCZ, no município do Rio de Janeiro, notificadas entre 2015 e 2017 no Sistema do Registro de Eventos em Saúde Pública. RESULTADOS: Foram identificadas 47 crianças, seis evoluíram a o óbito. Entre as 41 sobreviventes, 17 foram acompanhadas na atenção primária e na atenção secundária à saúde (APS e ASS), 10 somente na APS, sete apenas na ASS e sete não tinham registro de acompanhamento. Os casos de SCZ foram mais frequentes nas zonas norte e oeste da cidade. Foram identificados 143 trajetos percorridos pelas 36 crianças entre a residência e algum serviço de reabilitação; 147 fluxos, percorridos de uma a 106 vezes; a maioria com destino a três unidades (n = 17 – 47,0%). A maior quantidade de trajetos e fluxos foram entre residentes nas zonas norte e oeste da cidade, regiões mais pobres, com maiores distâncias, custo e tempo gasto no percurso entre a residência e a unidade de saúde. CONCLUSÕES: A variação de percursos, a quantidade de fluxos registrados e o número de unidades incluídas nas trajetórias sugerem a complexidade da condição clínica das crianças, desde cuidados básicos na APS a procedimentos com maior densidade tecnológica na atenção especializada.

Referências

Freitas DA, Souza-Santos R, Carvalho LMA, Barros WB, Neves LM, Brasil P, et al. Congenital Zika syndrome: A systematic review. PLOS ONE. 2020;15(12):e0242367. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0242367.

Albuquerque MSV, Lyra TM, Melo APL, Valongueiro SA, Araújo TVB, Pimentel C, et al. Access to healthcare for children with Congenital Zika Syndrome in Brazil: perspectives of mothers and health professionals. Health Policy Plan. 2019 Sep;34(7):499-507. https://doi.org/10.1093/heapol/czz059.

Duarte JS, Santos LOF, Sette GCS, Santos TFC, Alves FAP, Coriolano-Marinus MWL, et al. Necessidades de crianças com síndrome congênita pelo Zika vírus no contexto domiciliar. Cad Saude Coletiva. 2019 set;27(3):249-56. https://doi.org/10.1590/1414-462X201900030237.

Mendes AG. Enfrentando uma nova realidade a partir da síndrome congênita do vírus zika: a perspectiva das famílias. 2019 [citado 16 fev 2020]. Disponível em: http://www.cienciaesaudecoletiva.com.br/artigos/enfrentando-uma-nova-realidade-a-partir-da-sindromecongenita-do-virus-zika-a-perspectiva-das-familias/17145?id=17145.

Duttine A, Smythe T, Ribiero Calheiro de Sá M, Ferrite S, Zuurmond M, Moreira ME, et al. Congenital Zika Syndrome: assessing the need for a family support programme in Brazil. Int J Environ Res Public Health. 2020 jan;17(10):3559. https://doi.org/10.3390/ijerph17103559.

Oliveira FA, Silva AM, Hora SS, Oliveira SA, Silva Junior AG, Cardoso CAA. Healthcare for children with congenital Zika syndrome: analysis of access to social rights. Ciênc Saúde Coletiva. 2022 ago;27:3679-88. https://doi.org/10.1590/1413-81232022279.02972022.

Ambrogi IG, Brito L, Diniz D. The vulnerabilities of lives: Zika, women and children in Alagoas State, Brazil. Cad Saude Publica. 2021 Jan;36(12):e00032020. https://doi.org/10.1590/0102-311x00032020 PMID:33440418.

Organización Panamericana de la Salud. Alerta Epidemiológico - Oropouche na Região das Américas: evento de transmissão vertical sob investigação no Brasil - 17 de julho de 2024 - OPAS/OMS Organização Pan-Americana da Saúde. 2024 [citado 21 ago 2024]. Disponível em: https://www.paho.org/pt/documentos/alerta-epidemiologico-oropouche-na-regiao-das-americasevento-transmissao-vertical-sob.

Ministério da Saúde (BR). Orientações integradas de vigilância e atenção à saúde no âmbito da Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional. 2017 [citado 19 nov 2017]. Disponível em: http://portalarquivos.saude.gov.br/images/pdf/2016/dezembro/12/orientacoes-integradasvigilancia-atencao.pdf.

Freitas DA, Souza-Santos R, Wakimoto MD. Acesso aos serviços de saúde por pacientes com suspeita de dengue na cidade do Rio de Janeiro, Brasil. Cienc Saude Coletiva. 2019 maio;24(4):1507-16. https://doi.org/10.1590/1413-81232018244.11252017.

Spedo SM, Pinto NR, Tanaka OY. O difícil acesso a serviços de média complexidade do SUS: o caso da cidade de São Paulo. Brasil: Physis Rev Saúde Coletiva; 2010.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Conheça cidades e estados do país. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; 2017.

World Health Organization. WHO toolkit for the care and support of people affected by complications associated with Zika virus. Geneva: World Health Organization; 2017.

Aguilera SLVU, França BHS, Moysés ST, Moysés SJ. Intermunicipal inequities in access and use of secondary health services in the metropolitan area of Curitiba. Rev Bras Epidemiol. 2014 Sep;17(3):654-67. https://doi.org/10.1590/1809-4503201400030007.

Coêlho BP, Miranda GMD, Silva MCNA, Torres TCO, Oliveira TF. Atenção primária no contexto da epidemia zika e da síndrome congênita da zika em Pernambuco, Brasil: contexto, vínculo e cuidado. Cienc Saude Coletiva. 2022 mar;27:861-70. https://doi.org/10.1590/1413-81232022273.44782020.

Almeida KJ, Martins ACB, Almendra ICCG, Meneses GMS, Sampaio TDO, Campêlo JCM, et al. Clinical aspects of congenital microcephaly syndrome by Zika virus in a rehabilitation center for patients with microcephaly. Rev Assoc Med Bras. 2019 out;65(10):1249-53. https://doi.org/10.1590/1806-9282.65.10.1249.

Prata-Barbosa A, Martins MM, Guastavino AB, Cunha AJLA. Effects of Zika infection on growth. J Pediatr (Rio J);2019 abr;95 Suppl 1:30-41. https://doi.org/10.1016/j.jped.2018.10.016.

Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Diretrizes de estimulação precoce: crianças de zero a 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor decorrente de microcefalia. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2016.

Brasil. Síndrome congênita associada à infecção pelo vírus Zika: Situação epidemiológica, ações desenvolvidas e desafios, 2015 a 2019. 2019 [citado 15 fev 2020]. Disponível em: https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2019/dezembro/05/be-sindrome-congenita-vfinal.pdf.

Peiter PC, Pereira RS, Moreira MCN, Nascimento M, Tavares MFL, Franco V C, et al. Zika epidemic and microcephaly in Brazil: Challenges for access to health care and promotion in three epidemic areas. PLoS ONE. 2020 Jul;15(7):e0235010. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0235010.

Viana ALA, Bousquat A, Ferreira MP, Cutrim MAB, Uchimura LYT, Fusaro ER, et al. Região e Redes: abordagem multidimensional e multinível para análise do processo de regionalização da saúde no Brasil. Rev Bras Saide Materno Infant. 2017;17(Supl 1):S7-16. https://doi.org/10.1590/1806-9304201700S100002.

Ministério da Saúde (BR). Reabilitação. 2018 [citado 22 jun 2018]. Disponível em: http://portalms.saude.gov.br/saude-para-voce/saude-da-pessoa-com-deficiencia/reabilitacao.

Maciel FJ, Friche AA, Januário GC, Santos MF, Reis RA, Oliveira Neto R, et al. Spatial analysis of specialized care in the Network for People with Disability: the case of Minas Gerais, Brazil. CoDAS. 2020 Jun;32(3):e20180104. Portuguese. https://doi.org/10.1590/2317-1782/20202018104.

Freitas DA, Wakimoto MD, Dias S, Souza-Santos R. High-risk areas for congenital Zika syndrome in Rio de Janeiro: spatial cluster detection. Trop Med Infect Dis. 2024 May;9(5):105. https://doi.org/10.3390/tropicalmed9050105.

Souza WV, Albuquerque MFPM, Vazquez E, Bezerra LCA, Mendes ACG, Lyra TM et al. Microcephaly epidemic related to the Zika virus and living conditions in Recife, Northeast Brazil. BMC Public Health. 2018 Jan;18(1):130. https://doi.org/10.1186/s12889-018-5039-z.

Souza MPA, Natividade MS, Werneck GL, Santos DN. Congenital Zika syndrome and living conditions in the largest city of northeastern Brazil. BMC Public Health. 2022 June;22(1):1231. https://doi.org/10.1186/s12889-022-13614-x.

Ministério da Saúde (BR). Portaria Nº 2.436, de 21 de setembro de 2017. Aprova a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes para a organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). 2017. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prt2436_22_09_2017.html.

Freitas PS, Soares GB, Mocelin HJ, Lacerda LC, Prado TN, Sales CM, et al. [Congenital Zika syndrome: sociodemographic profile of mothersSíndrome congénito por el virus del Zika: perfil sociodemográfico de las madres]. Rev Panam Salud Publica. 2019 Feb;43:e24. Portuguese. https://doi.org/10.26633/RPSP.2019.24.

Scott RP, Lira LC, Matos SS, Souza FM, Silva ACR, Quadros MT, et al. Itinerários terapêuticos, cuidados e atendimento na construção de ideias sobre maternidade e infância no contexto da Zika. Interface 2018;22(66):673-84. https://doi.org/10.1590/1807-57622017.0425.

Mendes EV. A modelagem das redes de atenção à saúde. Belo Horizonte: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerias; 2007.

Ministério da Saúde (BR). Portaria GM/MS Nº 635, de 22 de maio de 2023. Institui, define e cria incentivo financeiro federal de implantação, custeio e desempenho para as modalidades de equipes Multiprofissionais na Atenção Primária à Saúde. Diário Oficial União. 22 maio 2023.

Publicado

2025-02-28

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Freitas, D. A. de, Wakimoto, M. D., & Santos, R. S. (2025). Síndrome congênita da zika: acesso geográfico à rede de atenção à saúde. Revista De Saúde Pública, 59, e238961. https://doi.org/10.11606/s1518-8787.2025059006562