O ajustamento social de pacientes com esquizofrenia: implicações para a política de saúde mental no Brasil

Autores

  • Paulo R. Menezes Institute of Psychiatry; Section of Epidemiology and General Practice
  • Anthony H. Mann Institute of Psychiatry; Section of Epidemiology and General Practice

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89101993000500004

Palavras-chave:

Esquizofrenia^i2^sepidemiolo, Ajustamento social, Política de saúde, Serviços comunitários de saúde mental

Resumo

A esquizofrenia é um importante problema de saúde pública em países desenvolvidos, afetando em média 0,5/1000 pessoas adultas e causando altos custos econômicos para a sociedade. Em países menos desenvolvidos não há muitas informações disponíveis, mas projeções baseadas nas taxas de incidência e tendências demográfica sugerem que o número de casos nesses países deve aumentar em 87% de 1975 ao ano 2000. No Brasil o diagnóstico de esquizofrenia representa cerca de um terço de todas as internações psiquiátricas, e até o presente existe uma falta de informações sobre as condições reais desses pacientes. Com esse objetivo, uma amostra (n=124) de pacientes esquizofrênicos residentes em uma região geográfica de captação definida na cidade de São Paulo, Brasil, e que haviam sido internados consecutivamente em hospitais psiquiátricos dessa região, foi avaliada quanto à psicopatologia e níveis de ajustamento social. Características sociodemográficas, socioeconômicas e ocupacionais também foram registradas. Os resultados indicaram uma população de pacientes com altos níveis de comprometimento psiquiátrico e de ajustamento social. Sessenta e cinco por cento apresentavam sintomas nucleares de esquizofrenia. Quase metade da amostra apresentou ajustamento social pobre ou muito pobre no mês anterior à internação psiquiátrica. As áreas de funcionamento social mais afetadas foram participação nas atividades domésticas, trabalho e isolamento social.Quase 30% da amostra não tinha nenhuma ocupação e não recebia nenhum tipo de benefício social, e mais de dois terços tinham renda per capta mensal de US$ 100.00 ou menos. A política de saúde mental atual de promover cuidados extra-hospitalares como alternativa ao modelo hopitalocêntrico anterior implicará o investimento para a criação de uma rede de novos serviços de saúde mental, baseados na comunidade, que possam dar tratamento e apoio efetivos aos pacientes e suas famílias. É reforçada a necessidade de novas investigações sobre o quadro atual de problemas psiquiátricos no país.

Downloads

Publicado

1993-10-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Menezes, P. R., & Mann, A. H. (1993). O ajustamento social de pacientes com esquizofrenia: implicações para a política de saúde mental no Brasil . Revista De Saúde Pública, 27(5), 340-349. https://doi.org/10.1590/S0034-89101993000500004