Prevenção da Aids com adolescentes encarcerados em São Paulo, SP

Autores

  • Camila Alves Peres Programa Estadual de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids
  • Vera Paiva Universidade de São Paulo; Instituto de Psicologia; Núcleo de Estudos para a Prevenção da Aids
  • Fernando da Silveira Universidade de São Paulo; Instituto de Psicologia; Núcleo de Estudos para a Prevenção da Aids
  • Rodrigo Alves Peres Universidade de São Paulo; Instituto de Psicologia; Núcleo de Estudos para a Prevenção da Aids
  • Norman Hearst University of California

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102002000500011

Palavras-chave:

Síndrome de imunodeficiência adquirida^i1^spreven, Adolescência, Conhecimentos, atitudes e prática, Prisioneiros, Fatores socioeconômicos, Comportamento sexual, Transtornos relacionados ao uso de substâncias psicoativas, Risco, HIV

Resumo

OBJETIVOS: Descrever o perfil de adolescentes quanto ao apoio social e familiar, ao uso de drogas e os conhecimentos, as práticas e atitudes relacionadas à Aids e sua prevenção. MÉTODOS: Foram estudados 275 jovens internos, do sexo masculino, de um centro de internação da Fundação Estadual do Bem Estar do Menor (Febem), em São Paulo, SP. A pesquisa foi feita em duas fases: a primeira por meio de entrevistas semi-estruturadas com 20 internos; a segunda, com questionários para auto-respostas aplicados aos 275 internos, com perguntas fechadas referentes a características sociodemográficas, criminalidade, práticas sexuais, uso de drogas, conhecimento, atitudes e práticas relativas à Aids. RESULTADOS: Do total estudado, 90% dos jovens internos residiam com suas famílias antes da internação; todos haviam estudado em escolas públicas, ainda que 61% já houvessem abandonado os estudos; 12% já haviam usado drogas; e 5,5% eram usuários de drogas intravenosas. A maioria (98%) era sexualmente ativa; 35% haviam tido mais de 15 parceiras(os) sexuais ao longo da vida; 8% haviam tido experiências homossexuais (dentro ou fora da Febem); 12% já haviam trocado sexo por benefícios materiais; e 22% já eram pais. Muitos dos adolescentes afirmaram que adquirir o HIV "é parte da vida" e que suas vidas apresentam riscos piores, como sobreviver na criminalidade. Acreditam que o preservativo é frágil (83%) e atrapalha a relação sexual (58%); 72% já haviam utilizado preservativo, mas apenas 9% o utilizavam sempre. CONCLUSÕES: Os adolescentes apresentaram um elevado risco de aquisição do HIV. Assim, torna-se necessário integrar a prevenção da Aids em sua problemática de vida e em temas como racismo, esperança pelo futuro, criminalidade, uso de drogas, direitos fundamentais, incluídos nestes os referentes ao sexo e à reprodução, mostrando existir alternativas a adquirir o HIV ou morrer na criminalidade.

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Publicado

2002-08-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Peres, C. A., Paiva, V., Silveira, F. da, Peres, R. A., & Hearst, N. (2002). Prevenção da Aids com adolescentes encarcerados em São Paulo, SP . Revista De Saúde Pública, 36(4 supl.0), 76-81. https://doi.org/10.1590/S0034-89102002000500011