Análise sociodemográfica da epidemia de Aids no Brasil, 1989-1997

Autores

  • Maria Goretti Pereira Fonseca Ministério da Saúde; Coordenação Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) e Aids
  • Célia Landmann Szwarcwald Centro de Informação Científica e Tecnológica; Departamento de Informações em Saúde
  • Francisco Inácio Bastos Centro de Informação Científica e Tecnológica; Departamento de Informações em Saúde

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102002000700004

Palavras-chave:

Síndrome de imunodeficiência adquirida^i1^sepidemiolo, Escolaridade, Fatores socioeconômicos, Distribuição por sexo, Distribuição por idade, Comportamento sexual, Condições sociais

Resumo

OBJETIVO: Descrever a evolução temporal da epidemia de Aids, no nível individual, sob a perspectiva de variáveis sociodemográficas e comportamentais, com ênfase na escolaridade. MÉTODOS: Foram analisados os casos de Aids de 20 a 69 anos de idade, notificados ao Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde e diagnosticados entre 1989 e 1997, com diferença maior que sete dias entre as datas de óbito e de diagnóstico. Foram considerados três graus de escolaridade: "grau I" (com até 8 anos de estudo), "grau II" (com mais de 8 anos de estudo) e "ignorado". Para cada sexo, foi analisada a evolução temporal da distribuição dos casos por grau de escolaridade, região, tamanho populacional do município e categoria de exposição. Foi utilizado um modelo logístico multivariado para avaliar o efeito conjunto dessas variáveis. RESULTADOS: O grau de escolaridade foi "ignorado" em 22% dos casos. Entre os casos com escolaridade informada, percentuais mais elevados de "grau I" foram observados no sexo feminino, nas regiões Sudeste e Sul, nos municípios com menos de 500 mil habitantes e nas categorias de exposição "heterossexual" e "uso de drogas injetáveis". Observou-se uma redução gradativa do percentual de casos com maior escolaridade ao longo dos anos analisados para ambos os sexos e em todas as variáveis analisadas, menos pronunciado na categoria de exposição "homo/bissexual". CONCLUSÕES: A epidemia de Aids no Brasil teve início nos estratos sociais de maior escolaridade e depois se expandiu entre as populações com menor escolaridade, principalmente do sexo feminino, residentes em municípios de menor população e por meio das exposições heterossexuais e do uso de drogas injetáveis.

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Publicado

2002-12-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Fonseca, M. G. P., Szwarcwald, C. L., & Bastos, F. I. (2002). Análise sociodemográfica da epidemia de Aids no Brasil, 1989-1997 . Revista De Saúde Pública, 36(6), 678-685. https://doi.org/10.1590/S0034-89102002000700004