Estudo da desigualdade na mortalidade hospitalar pelo índice de comorbidade de Charlson

Autores

  • Nelson Iucif Jr Universidade de São Paulo; Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto; Departamento de Medicina Social
  • Juan S Yazlle Rocha Universidade de São Paulo; Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto; Departamento de Medicina Social

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102004000600005

Palavras-chave:

Mortalidade hospitalar, Sistemas de informação, Idoso, Mortalidade diferencial, Iniqüidade social, Prestação de cuidados de saúde, Pacientes internados, SUS^i1^, Hospitais privados

Resumo

OBJETIVO: Avaliar qualidade e eqüidade na assistência à saúde requer métodos de estudo e sistemas de informações adequados. Assim, realizou-se estudo com o objetivo de comparar a mortalidade entre os pacientes idosos atendidos pela rede privada com a dos atendidos pelo Sistema Único de Saúde. MÉTODOS: Foi utilizado um sistema de informações de egressos hospitalares de instituições públicas e privadas e o registro de doenças associadas (comorbidade) além da causa da internação. Foram estudadas 21.695 hospitalizações de pacientes de Ribeirão Preto, SP, internados em 1998 ou 1999, por doenças dos aparelhos circulatório e respiratório. Para análise, segui-se a metodologia preconizada por Charlson, que atribui pontuação para as comorbidades (ICC) e índice comorbidade-idade de Charlson (ICIC) que acrescenta pontuação por década, a partir dos 50 anos de idade. Os pacientes foram estratificados segundo a comorbidade e a década de idade acima de 50 anos, separados os internados pelo SUS dos internados pela rede privada (não-SUS); foi calculado o coeficiente de mortalidade hospitalar para cada estrato. RESULTADOS: Foi observado que o risco de morte aumenta quase seis vezes quando aumenta o número de doenças associadas; o risco de morte é mais do que o dobro para os pacientes do SUS comparados com os do não-SUS - risco relativo 2,12. Associando a comorbidade com a década de idade do paciente foram encontradas diferenças significativas entre pacientes SUS e não-SUS. Quando o risco de morte foi muito baixo ou muito alto não houve diferenças estatísticas entre os pacientes SUS e não-SUS; nas outras situações intermediárias, justamente onde a assistência poderia fazer a diferença, a mortalidade para os pacientes SUS foi maior que o dobro - risco relativo, 2,14. CONCLUSÕES: O diferencial de mortalidade entre os pacientes SUS e não-SUS, segundo os critérios de Charlson, é significativo nos pacientes de risco intermediário, onde o cuidado é mais importante. O Índice de Comorbidade de Charlson tem correlação com a mortalidade hospitalar.

Publicado

2004-12-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Iucif Jr, N., & Rocha, J. S. Y. (2004). Estudo da desigualdade na mortalidade hospitalar pelo índice de comorbidade de Charlson . Revista De Saúde Pública, 38(6), 780-786. https://doi.org/10.1590/S0034-89102004000600005