Disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil: distribuição e evolução (1974-2003)

Autores

  • Renata Bertazzi Levy-Costa Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo; Instituto de Saúde; Núcleo de Investigação em Nutrição
  • Rosely Sichieri Universidade Estadual do Rio de Janeiro; Instituto de Medicina Social; Departamento de Epidemiologia
  • Nézio dos Santos Pontes Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; Pesquisa de Orçamentos Familiares; Coordenação de Índices de Preços
  • Carlos Augusto Monteiro Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública; Departamento de Nutrição

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102005000400003

Palavras-chave:

Pesquisa de orçamento familiar, Consumo de alimentos, Inquéritos nutricionais, Dieta, Zonas metropolitanas, Renda familiar, Fatores socioeconômicos

Resumo

OBJETIVO: Descrever a distribuição da disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil em 2002-2003 e avaliar sua evolução nas áreas metropolitanas do País no período 1974-2003. MÉTODOS: A principal base de dados do estudo é a Pesquisa de Orçamento Familiar de 2002-2003 realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística em 48.470 domicílios brasileiros. Em cada domicílio, num período de sete dias consecutivos, foram registradas todas as aquisições, monetárias ou não monetárias, de alimentos e bebidas para consumo familiar. As quantidades de alimentos adquiridas foram transformadas em calorias e macronutrientes, usando tabelas de composição alimentar. RESULTADOS: Características positivas do padrão alimentar, encontradas em todas as regiões e em todas as classes de rendimento, foram a adequação do teor protéico das dietas e o elevado aporte relativo de proteínas de alto valor biológico. Características negativas, também disseminadas no País, foram excesso de açúcar e presença insuficiente de frutas e hortaliças na dieta. Nas regiões economicamente mais desenvolvidas, no meio urbano e entre famílias com maior rendimento houve também excesso de gorduras em geral e de gorduras saturadas. A evolução nas áreas metropolitanas do País evidenciou declínio no consumo de alimentos básicos, como arroz e feijão, aumentos de até 400% no consumo de produtos industrializados, como biscoitos e refrigerantes, persistência do consumo excessivo de açúcar e insuficiente de frutas e hortaliças e aumento no teor da dieta em gorduras em geral e gorduras saturadas. CONCLUSÕES: Padrões e tendências da disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil são consistentes com a importância crescente de doenças crônicas não transmissíveis no perfil de morbi-mortalidade e com o aumento contínuo da prevalência da obesidade no País.

Publicado

2005-08-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Levy-Costa, R. B., Sichieri, R., Pontes, N. dos S., & Monteiro, C. A. (2005). Disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil: distribuição e evolução (1974-2003) . Revista De Saúde Pública, 39(4), 530-540. https://doi.org/10.1590/S0034-89102005000400003