Aids, estigma e desemprego: implicações para os serviços de saúde

Autores

  • Pedro B. Garrido Universidade de São Paulo; Instituto de Psicologia; Núcleo de Estudos para a Prevenção da AIDS
  • Vera Paiva Universidade de São Paulo; Instituto de Psicologia; Núcleo de Estudos para a Prevenção da AIDS
  • Vanda L. V. do Nascimento Centro Universitário Capital
  • João B. Sousa Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo; Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS-SP
  • Naila J. S. Santos Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo; Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS-SP

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102007000900012

Palavras-chave:

Homens, Síndrome de imunodeficiência adquirida^i1^spsicolo, Trabalhadores, Satisfação no emprego, Desemprego, Preconceito, Carência psicossocial, Saúde do trabalhador

Resumo

OBJETIVO: Analisar o efeito do processo de estigmatização e discriminação no ambiente de trabalho sobre os cuidados cotidianos à saúde e o bem-estar de homens vivendo com HIV/Aids. MÉTODOS: Estudo qualitativo com 17 homens vivendo com HIV, realizado em 2002. Foram estudados os depoimentos em grupo para discutir as dificuldades sobre discriminação no ambiente de trabalho, utilizando análise das práticas discursivas. O grupo, proveniente de centro especializado em HIV/Aids da cidade de São Paulo, representou segmento de pesquisa anterior. RESULTADOS: O debate entre os participantes indicou que o tratamento anti-retroviral exige idas freqüentes aos serviços de assistência médica, que implicam em faltas ou atrasos no trabalho. A apresentação de atestados médicos para justificar ausência no trabalho, mesmo sem indicar Aids, pode resultar em demissão. Desempregados, muitos são barrados nos exames médicos e têm o direito ao sigilo de sua condição violado. Como último recurso, o pedido de aposentadoria implica em cenas de humilhação ou discriminação na perícia médica. CONCLUSÕES: A assistência planejada com o envolvimento dos pacientes consegue ampliar a atenção psicossocial e considerar as necessidades do paciente trabalhador ou desempregado, reconhecendo que o estigma limita o cuidado, afetando a saúde mental e a evolução da infecção. Mitigar o efeito do estigma e da discriminação requer articulação política intersetorial e contribuirá para atingir metas globalmente reconhecidas como fundamentais para o controle da epidemia.

Publicado

2007-12-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Garrido, P. B., Paiva, V., Nascimento, V. L. V. do, Sousa, J. B., & Santos, N. J. S. (2007). Aids, estigma e desemprego: implicações para os serviços de saúde . Revista De Saúde Pública, 41(suppl.2), 72-79. https://doi.org/10.1590/S0034-89102007000900012