Violência doméstica na gravidez: prevalência e fatores associados

Autores

  • Celene Aparecida Ferrari Audi Universidade Estadual de Campinas; Departamento de Medicina Preventiva e Social
  • Ana M Segall-Corrêa Universidade Estadual de Campinas; Departamento de Medicina Preventiva e Social
  • Silvia M Santiago Universidade Estadual de Campinas; Departamento de Medicina Preventiva e Social
  • Maria da Graça G Andrade Universidade Estadual de Campinas; Departamento de Medicina Preventiva e Social
  • Rafael Pèrez-Escamila University of Connecticut; Center for Eliminating Health Disparities Among Latinos

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102008005000041

Palavras-chave:

Violência contra a Mulher, Gestantes, Mulheres Maltratadas, Maus-Tratos Conjugais, Violência Doméstica, Fatores de Risco, Estudos Transversais

Resumo

OBJETIVO: Identificar os fatores associados à violência doméstica contra gestantes. MÉTODOS: Foram entrevistadas 1.379 gestantes usuárias do Sistema Único de Saúde acompanhadas em unidades básicas de saúde no município de Campinas (SP). Foram analisadas a primeira e a segunda entrevistas de um estudo de coorte, aplicando-se questionário estruturado sobre violência doméstica validado no Brasil, de julho de 2004 a julho de 2006. Foram realizadas análise descritiva e regressão logística múltipla dos dados. RESULTADOS: Do total da amostra, 19,1% (n=263) das gestantes reportaram violência psicológica e 6,5% (n=89) violência física/sexual. Os fatores associados à violência psicológica foram: parceiro íntimo adolescente (p<0,019) e gestante ter presenciado agressão física antes dos 15 anos (p<0,001). Foram associados à violência física/sexual: dificuldade da gestante em comparecer às consultas de pré-natal (p<0,014), parceiro íntimo fazer uso de drogas (p<0,015) e não trabalhar (p<0,048). Os fatores associados à violência psicológica e física/sexual foram: baixa escolaridade da gestante (p<0,013 e p<0,020, respectivamente), gestante ser responsável pela família (p<0,001 e p=0,017, respectivamente) gestante ter sofrido agressão física na infância (p<0,029 e p<0,038, respectivamente), presença de transtorno mental comum (p<0,001) e parceiro íntimo consumir bebida alcoólica duas ou mais vezes por semana (p<0,001). CONCLUSÕES: Constataram-se altas prevalências das diferentes categorias de violência doméstica praticada pelo parceiro íntimo durante o período gestacional, assim como, com os diversos fatores a elas associados. Mecanismos apropriados para identificação e abordagem da violência doméstica na gestação são necessários, especialmente na atenção primária.

Publicado

2008-10-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Audi, C. A. F., Segall-Corrêa, A. M., Santiago, S. M., Andrade, M. da G. G., & Pèrez-Escamila, R. (2008). Violência doméstica na gravidez: prevalência e fatores associados . Revista De Saúde Pública, 42(5), 877-885. https://doi.org/10.1590/S0034-89102008005000041