Acesso à esterilização cirúrgica pelo Sistema Único de Saúde, Ribeirão Preto, SP

Autores

  • Elisabeth Meloni Vieira Universidade de São Paulo; Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto; Departamento de Medicina Social
  • Luiz de Souza Universidade de São Paulo; Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto; Departamento de Medicina Social

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102009000300002

Palavras-chave:

Esterilização Reprodutiva, Procedimentos Cirúrgicos Urogenitais, Acesso aos Serviços de Saúde, Eqüidade no Acesso, Fatores Socioeconômicos, Sistema Único de Saúde, Desigualdades em Saúde

Resumo

OBJETIVO: Caracterizar o perfil de indivíduos que não obtiveram o procedimento de contracepção cirúrgica e fatores associados. MÉTODOS: Estudo transversal realizado em Ribeirão Preto (SP), em 2004, com 230 indivíduos que não obtiveram cirurgia de esterilização no período de 1999 a 2004 pelo Sistema Único de Saúde. Foi aplicado um questionário com informações sociodemográficas, uso de métodos anticoncepcionais e aspectos da esterilização e desejo de esterilizar-se no futuro. Foram comparadas as variáveis sexo, idade, religião, renda per capita, estado marital e escolaridade do total dos que não obtiveram o procedimento com 297 indivíduos esterilizados. RESULTADOS: Dos 230 entrevistados 21,3% eram homens e 78,7% mulheres. A maioria era casada, branca, católica e tinha pelo menos quatro anos de estudo. A renda per capita mediana mensal foi R$ 140,00. Dos entrevistados, 23 (10%) tinham expectativa de fazer a cirurgia. Os restantes 207 foram classificados em dois grupos: 71% decidiram adiar cirurgia e 29% encontraram obstáculos no acesso à esterilização. O segundo grupo foi associado a ser mulher, jovem e negra. Após regressão logística, ser negro foi o único fator que se manteve associado à não-obtenção da esterilização. Ao comparar com o grupo dos que obtiveram o procedimento, pertencer ao sexo feminino, ser de maior idade, ter como religião a evangélica e ser solteiro estiveram associados à não obtenção da esterilização, enquanto maior renda e maior escolaridade favoreceram o acesso. CONCLUSÕES: Poucos indivíduos estudados não tiveram acesso à esterilização, sobretudo por terem adiado esse procedimento e uma menor parcela teve obstáculos institucionais. Os negros encontraram mais barreiras que os brancos.

Publicado

2009-06-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Vieira, E. M., & Souza, L. de. (2009). Acesso à esterilização cirúrgica pelo Sistema Único de Saúde, Ribeirão Preto, SP . Revista De Saúde Pública, 43(3), 398-404. https://doi.org/10.1590/S0034-89102009000300002