Causas do declínio acelerado da desnutrição infantil no Nordeste do Brasil (1986-1996-2006)

Autores

  • Ana Lucia Lovadino de Lima Universidade de São Paulo; Departamento de Nutrição. Faculdade de Saúde Pública
  • Ana Carolina Feldenheimer da Silva Universidade de São Paulo; Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde
  • Silvia Cristina Konno Universidade de São Paulo; Departamento de Nutrição. Faculdade de Saúde Pública
  • Wolney Lisboa Conde Universidade de São Paulo; Departamento de Nutrição. Faculdade de Saúde Pública
  • Maria Helena D'Aquino Benicio Universidade de São Paulo; Departamento de Nutrição. Faculdade de Saúde Pública
  • Carlos Augusto Monteiro Universidade de São Paulo; Departamento de Nutrição. Faculdade de Saúde Pública

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102010000100002

Palavras-chave:

Desnutrição Proteico-Energética, epidemiologia, Transtornos da Nutrição Infantil, Fatores Socioeconômicos, Bem-Estar da Criança, Inquéritos Nutricionais

Resumo

OBJETIVO: Descrever a variação temporal na prevalência de desnutrição infantil na região Nordeste do Brasil, em dois períodos sucessivos, identificando os principais fatores responsáveis pela evolução observada em cada período. MÉTODOS: Os dados analisados provêm de amostras probabilísticas da população de crianças menores de cinco anos estudadas por inquéritos domiciliares do programa Demographic Health Surveys realizados em 1986 (n=1.302), 1996 (n=1.108) e 2006 (n=950). A identificação dos fatores responsáveis pela variação na prevalência da desnutrição (altura para idade < -2 z) levou em conta mudanças na freqüência de cinco determinantes potenciais do estado nutricional, modelagens estatísticas da associação independente entre determinante e risco de desnutrição no início de cada período e cálculo de frações atribuíveis. RESULTADOS: A prevalência da desnutrição foi reduzida em um terço de 1986 a 1996 (de 33,9% para 22,2%) e em quase três quartos de 1996 a 2006 (de 22,2% para 5,9%). Melhorias na escolaridade materna e na disponibilidade de serviços de saneamento foram particularmente importantes para o declínio da desnutrição no primeiro período, enquanto no segundo período foram decisivos o aumento do poder aquisitivo das famílias mais pobres e, novamente, a melhoria da escolaridade materna. CONCLUSÕES: A aceleração do declínio da desnutrição do primeiro para o segundo período foi consistente com a aceleração de melhorias em escolaridade materna, saneamento, assistência à saúde e antecedentes reprodutivos e, sobretudo, com o excepcional aumento do poder aquisitivo familiar, observado apenas no segundo período. Mantida a taxa de declínio observada entre 1996 e 2006, o problema da desnutrição infantil na região Nordeste poderia ser considerado controlado em menos de dez anos. Para se chegar a este resultado será preciso manter o aumento do poder aquisitivo dos mais pobres e assegurar investimentos públicos para completar a universalização do acesso a serviços essenciais de educação, saúde e saneamento.

Publicado

2010-01-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Lima, A. L. L. de, Silva, A. C. F. da, Konno, S. C., Conde, W. L., Benicio, M. H. D., & Monteiro, C. A. (2010). Causas do declínio acelerado da desnutrição infantil no Nordeste do Brasil (1986-1996-2006) . Revista De Saúde Pública, 44(1), 17-27. https://doi.org/10.1590/S0034-89102010000100002