Desigualdades socioeconômicas nos gastos e comprometimento da renda com medicamentos no Sul do Brasil

Autores

  • Alexandra Crispim Boing Universidade Federal de Santa Catarina; Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
  • Andréa Dâmaso Bertoldi Universidade Federal de Pelotas; Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia; Departamento de Medicina Social
  • Karen Glazer Peres UFSC; Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva; Departamento de Saúde Pública

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102011005000054

Palavras-chave:

Renda, Gastos em Saúde, Preparações Farmacêuticas, Desigualdades em Saúde, Estudos Transversais

Resumo

OBJETIVO: Descrever as desigualdades socioeconômicas referentes ao uso, gastos e comprometimento de renda com a compra de medicamentos. MÉTODOS: Estudo transversal de base populacional com 1.720 adultos de área urbana de Florianópolis, SC, em 2009. Realizou-se a seleção da amostra por conglomerados e as unidades primárias foram os setores censitários. Investigou-se o uso de medicamentos e os gastos com sua compra nos 30 dias anteriores, por meio de entrevista. Uso, gasto e comprometimento de renda devido a medicamentos foram analisados segundo a renda familiar per capita, a cor da pele auto-referida, idade e o sexo dos indivíduos, ajustado para amostra complexa. RESULTADOS: A prevalência de uso de medicamentos foi de 76,5% (IC95%: 73,8;79,3), maior entre as mulheres e naqueles com maior idade. A média de gastos com medicamentos foi igual a R$ 46,70, com valores mais elevados entre as mulheres, os brancos, os com idade mais elevada e entre os mais ricos. Enquanto 3,1% dos mais ricos comprometeram mais de 15% de seus rendimentos na compra de medicamentos, esse valor chegou a 9,6% nos mais pobres. A proporção de pessoas que tiveram de comprar medicamentos após tentativa fracassada de obtenção pelo Sistema Único de Saúde foi maior entre os mais pobres (11,0%), mulheres (10,2%) e naqueles com maior idade (11,1%). Grande parte dos adultos comprou medicamentos contidos na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (19,9%) ou na Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (28,6%), com diferenças significativas segundo sexo, idade e renda. CONCLUSÕES: Existe desigualdade socioeconômica, de idade e de gênero no comprometimento de renda com a compra de medicamentos, com piores condições para os mais pobres, os de maior idade e para as mulheres.

Publicado

2011-10-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Boing, A. C., Bertoldi, A. D., & Peres, K. G. (2011). Desigualdades socioeconômicas nos gastos e comprometimento da renda com medicamentos no Sul do Brasil . Revista De Saúde Pública, 45(5), 897-905. https://doi.org/10.1590/S0034-89102011005000054