Deficiências após a alta medicamentosa da hanseníase: prevalência e distribuição espacial

Autores

  • Susilene Maria Tonelli Nardi Instituto Adolfo Lutz; Centro de Laboratório Regional
  • Vânia Del´Arco Paschoal Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto; Departamento de Enfermagem em Saúde Coletiva e Orientação Profissional
  • Francisco Chiaravalloti-Neto Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública; Departamento de Epidemiologia
  • Dirce Maria Trevisan Zanetta Universidade de São Paulo; Faculdade de Saúde Pública; Departamento de Epidemiologia

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-89102013005000002

Palavras-chave:

Hanseníase, complicações, epidemiologia, Saúde do Portador de Deficiência ou Incapacidade, Pessoas com Deficiência, Terapia Ocupacional, Estudos Transversais

Resumo

OBJETIVO: Estimar a frequência das deficiências físicas em pacientes tratados de hanseníase após alta medicamentosa e analisar sua distribuição espacial. MÉTODOS: Estudo descritivo transversal com 232 pessoas tratadas de hanseníase de 1998 a 2006. As deficiências físicas foram avaliadas pelo Grau de Incapacidades da Organização Mundial da Saúde (GI/OMS) e pelo Eye-Hand-Foot (EHF). Os ex-pacientes foram geocodificados pelo endereço de residência e os serviços de reabilitação pelo endereço de sua sede. Foram apresentadas as frequências para o total e para os grupos grau 0, grau 1 e grau 2 do GI-OMS, considerando-se as variáveis clínicas e sociodemográficas na análise descritiva. Foram utilizados os testes t de Student, qui-quadrado (χ2) ou de Fisher, conforme apropriado, considerando-se significativos p < 0,05. RESULTADOS: Cerca de 51,6% era do sexo feminino, com média de idade de 54 anos (dp15,7); 30,5% tinha menos de dois anos de educação formal; 43,5% trabalhava e 26,9% estava aposentado; a forma dimorfa predominou (39,9%). As deficiências avaliadas pelo GI-OMS e pelo EHF atingiram 32% dos ex-pacientes. A presença de deficiências foi maior com o aumento da idade (p = 0,029), em casos multibacilares (p = 0,005) e com julgamento ruim do paciente sobre sua saúde física (p < 0,001). Os que necessitavam de prevenção/reabilitação percorreram distância média de 5,5 km até o serviço de reabilitação. As pessoas com deficiência física estavam distribuídas em todo o município, mas concentravam-se na área mais populosa e de maior carência socioeconômica. CONCLUSÕES: A frequência de deficiências é elevada após a alta medicamentosa. Os ex-pacientes mais velhos, os que tiveram formas multibacilares da doença, os de baixa escolaridade e os que julgam mal a própria saúde física merecem atenção especial para a prevenção e reabilitação de deficiências. A distância entre os serviços de reabilitação e as residências dos pacientes requer reorganização da rede de atendimento no município.

Downloads

Publicado

2012-12-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Nardi, S. M. T., Paschoal, V. D., Chiaravalloti-Neto, F., & Zanetta, D. M. T. (2012). Deficiências após a alta medicamentosa da hanseníase: prevalência e distribuição espacial . Revista De Saúde Pública, 46(6), 969-977. https://doi.org/10.1590/S0034-89102013005000002