Práticas de risco ao HIV de mulheres profissionais do sexo

Autores

  • Giseli Nogueira Damacena Fundação Oswaldo Cruz; Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde; Laboratório de Informações em Saúde
  • Célia Landmann Szwarcwald Fundação Oswaldo Cruz; Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde; Laboratório de Informações em Saúde
  • Paulo Roberto Borges de Souza Júnior Fundação Oswaldo Cruz; Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde; Laboratório de Informações em Saúde

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2014048004992

Resumo

OBJETIVO Investigar diferenças nas práticas de risco à infecção pelo HIV segundo local de trabalho das mulheres profissionais do sexo e efeitos de homofilia na estimação da prevalência do HIV. MÉTODOS Foram utilizadas informações de 2.523 mulheres recrutadas por Respondent-Driven Sampling em estudo realizado em 10 cidades brasileiras, 2008-2009. Foram incluídas profissionais com 18 anos ou mais de idade. O questionário foi autopreenchido e incluiu perguntas sobre características da profissão, práticas sexuais, uso de drogas, testes periódicos de HIV e acesso aos serviços de saúde. Utilizaram-se testes rápidos para detecção de HIV. As participantes foram agregadas em dois grupos por local de trabalho: pontos de rua ou locais fechados, e.g., boates, saunas e termas. Foram utilizados testes Qui-quadrado de homogeneidade, levando-se em consideração as probabilidades desiguais de seleção, bem como a dependência entre as observações. Os efeitos de homofilia por local de trabalho foram pesquisados na estimação da prevalência do HIV. RESULTADOS As práticas de maior risco ao HIV associaram-se a: trabalhar em pontos de rua, menor nível socioeconômico, baixa cobertura de exame preventivo de câncer de colo de útero, elevado consumo de crack, maior prevalência de cicatriz sorológica de sífilis e maior prevalência de infecção pelo HIV. O efeito de homofilia foi maior entre as profissionais de locais fechados. Contudo, não afetou a estimativa da prevalência de HIV, mesmo utilizando o procedimento de pós-estratificação por local de trabalho. CONCLUSÕES Os resultados indicaram que as estratégias devem ser dirigidas à ampliação do acesso e à utilização dos serviços de saúde. As políticas de prevenção devem priorizar as profissionais de rua. Em relação à aplicação do Respondent-Driven Sampling, a amostra deve ser suficiente para estimação das probabilidades de transição, uma vez que a rede se desenvolve mais rapidamente entre as profissionais de locais fechados.

Publicado

2014-06-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Damacena, G. N., Szwarcwald, C. L., & Souza Júnior, P. R. B. de. (2014). Práticas de risco ao HIV de mulheres profissionais do sexo . Revista De Saúde Pública, 48(3), 428-437. https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2014048004992