Os sentidos atribuídos à deficiência pelos profissionais de saúde e o acesso das pessoas com deficiência aos serviços de saúde
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v32i1-3pe205240Palavras-chave:
Deficiência, Pessoa com deficiência, Sentidos da deficiência, Acesso aos serviços de saúde, Modelo biomédico da deficiência, Modelo social da deficiênciaResumo
Objetivo: O estudo analisa como os profissionais da rede pública de saúde de doze municípios do Estado de São Paulo, Brasil - atribuem sentidos à “deficiência”. Método: Foram realizadas 121 entrevistas semi-estruturadas, em 63 serviços. Os profissionais responderam a pergunta: Para você o que é deficiência/incapacidade? Os depoimentos foram organizados em núcleos temáticos e interpretados sob a perspectiva sócio histórica. Resultados: Constatou-se que predomina uma compreensão preconceituosa, assistencialista e paternalista sobre a deficiência. Observou-se nos depoimentos uma hesitação entre os sentidos atribuídos à deficiência e incapacidade, com abordagens reducionistas pautadas em paradigmas organicistas e/ou calcadas no senso comum. Não houve depoimentos que explicitassem conceitos de deficiência na perspectiva do modelo social de deficiência. Conclusão: É essencial que os serviços de saúde promovam espaços de reflexão entre profissionais sobre seus valores e sentidos que atribuem à deficiência e à prática assistencial, o que pode contribuir para a transformação cultural dos sentidos atribuídos ao fenômeno da deficiência e para o acesso aos bens de saúde.
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