Problematização de saberes e práticas na terapia ocupacional brasileira: a construção do pensamento crítico entre 1979 e 1996

Resumo

Este artigo se propõe a apresentar, de modo descritivo e analítico, a constituição histórica do pensamento crítico na terapia ocupacional brasileira entre 1979 e 1996. Trata-se de pesquisa teórica e histórica, que tomou como objeto discussões-chave em fundamentos histórico-epistemológicos de terapia ocupacional, a partir de leitura reflexiva e crítica da literatura. O estudo fez uso do banco de dados de pesquisa anterior que realizou o levantamento da literatura nacional de terapia ocupacional de 1956 a 2017 por meio de revisão de escopo. Foram utilizados livros, dissertações de mestrado, resumos em anais de evento científico e artigos de periódicos de terapia ocupacional nacionais. A apresentação descritiva e analítica dos resultados é organizada em três tempos distintos: (i) o surgimento dos primeiros registros contra hegemônicos ao final dos anos 1970, publicados em anais de evento; (ii) a produção de estudos críticos em fundamentos histórico-epistemológicos, publicados em dissertações de mestrado e livros de 1987 a 1990 e; (iii) as elaborações críticas ao pensamento biomédico hegemônico, ao asilamento de pessoas e ao modelo técnico-procedimental, publicadas em periódicos de terapia ocupacional de 1990 a 1993/6. O período histórico de 1979 e 1996 marca o surgimento do pensamento crítico na terapia ocupacional brasileira. Estas elaborações contribuíram para visibilizar um determinado posicionamento ético-político que serviria como alicerce para as práticas emancipatórias que viriam a acontecer na década seguinte.