Visão de Maloqueiro: dialogando sobre saúde mental, racismos e a experiência cultural do funk
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v34i1-3e221779Palavras-chave:
Saúde mental, Racismo, Reforma psiquiátrica, CulturaResumo
O Brasil é um país com um importante legado colonial, manifestado em inúmeras atualizações das estruturas e práticas institucionais racistas. A psiquiatria se destaca nessa história ao promover a patologização e a manicomialização como dispositivos de controle das existências negras no pós-abolição. Diante disso, é essencial que o campo da saúde mental reconheça e incorpore a cultura negra, bem como referências afrocentradas na produção de conhecimento e práticas de cuidado efetivas. Neste contexto, esta pesquisa teve como objetivo compreender como a cultura funkeira tem gerado possibilidades de existência e transformação das realidades para juventudes pretas e periféricas. A investigação explora a produção de saúde mental e os efeitos dos racismos cotidianos. Para isso, foram realizadas seis entrevistas orientadas pelas perspectivas da Escrevivência, de Conceição Evaristo, com jovens negros, periféricos e funkeiros. Os resultados foram organizados em quatro eixos temáticos, que ressaltam a urgência do desenvolvimento: da pauta racial na saúde mental; da desinstitucionalização do racismo; e da valorização da subjetivação negra. A investigação revelou que a cultura funkeira se apresenta como uma expressão potente das dimensões éticas, estéticas e políticas da saúde mental da juventude negra brasileira. Além disso, aponta caminhos para a produção de práticas de cuidado e transformação social.
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