A centralidade da vida no contemporâneo e suas implicações para a Terapia Ocupacional
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-6149.v35i1-3e231329Palavras-chave:
Biopoder, Resistência, Terapia Ocupacional, VidaResumo
Vivemos em um mundo marcado por crises políticas, sanitárias climáticas, guerras e genocídios, no qual, paradoxalmente, a vida e sua preservação estão no cerne das preocupações propaladas por governos, pelas mídias e pelos movimentos sociais. A vida ganhou esta centralidade quando se estabeleceu, na sociedade ocidental moderna, uma nova relação entre o poder e a vida. Este texto apresenta um estudo teórico que acompanhou o pensamento de Hannah Arendt, Michel Foucault e outros filósofos que com eles dialogaram, visando construir uma compreensão do progressivo desenvolvimento do poder que incide sobre a vida, separando o que nela é indissociável: o fato da vida das formas de vida. O intuito foi problematizar as implicações desse processo para a Terapia Ocupacional, para o campo da saúde e para as pessoas atendidas. Este caminho nos levou, também, a explorar as contribuições da Terapia Ocupacional, como prática clínico-política – cuja paisagem é a vida ativa e o mundo comum – para as resistências ao poder que se exerce sobre a vida, na ativação das potências da própria vida de produzir, incessantemente, novas formas de ser, fazer, agir e pensar.
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