Arquipélago Gulag: narrador híbrido e estrutura polifônica
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2317-4765.rus.2024.229544Palavras-chave:
Literatura de gulag, Arquipélago gulag, Polifonia, Soljenítsyn, TestemunhoResumo
O Arquipélago Gulag, de Aleksandr Soljenítsyn, publicado originalmente em 1973, denuncia o sistema repressivo soviético por meio de uma narrativa polifônica, construída a partir de mais de duzentas cartas de ex-zeks e da própria experiência do autor nos Gulags. A obra dá voz àqueles que viveram nos campos, estabelecendo um diálogo constante com a versão oficial da história soviética à época e construindo a verdade histórica a partir do relato das testemunhas. Este artigo analisa como Soljenítsyn emprega a polifonia, conforme o conceito de Mikhail Bakhtin, na construção de um romance épico resultante de um experimento de investigação artística, que se apoia em um narrador híbrido, ora monofônico ora polifônico. Adicionalmente, explora o papel da narração polifônica na representação de eventos traumáticos, à luz das reflexões de Walter Benjamin sobre o declínio da narrativa.
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