Tragédia, destino dos ossos
políticas da cinza e da exumação
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v20i1p101-122Palavras-chave:
Teatro e história, Patrimônio cultural, Arqueologia, Processo de redemocratização brasileiro, Vala clandestina de PerusResumo
Dialogando com a perspectiva histórica adotada por Raymond Williams em sua análise sobre a experiência trágica, este artigo perspectiva investigar conexões entre o tempo presente e a tragédia. Com base em disputas políticas operadas a partir do par memória-esquecimento, focalizamos a prática da exumação como plataforma para pensarmos a possibilidade de tragédia no contemporâneo. Tal prática é aqui entendida como um procedimento que, ao instaurar ruptura e violência em relação à memória e aos vestígios dos mortos, permite a abertura de um espaço agonístico de tensão política. Dessa maneira, trazemos à tona episódios do período da abertura democrática brasileira (1975-1985) que sublinham o diálogo entre o Estado, a cultura e a produção de narrativas sobre o país. Por fim, aproximando este período do projeto governamental respaldado pela eleição de 2018, avizinhamos os sentidos da experiência trágica contemporânea à estruturação de uma arquitetura política que desprezaria o gesto da exumação em prol da defesa do esquecimento histórico e da irreversibilidade das cinzas.
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