Sobre Stabat Mater
espelhamento conservador em algumas formas do teatro contemporâneo
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v20i1p198-219Palavras-chave:
Stabat Mater, Teatro contemporâneo, Crítica teatralResumo
O artigo é um exercício crítico sobre o espetáculo Stabat Mater, criado por Janaína Leite e uma equipe de colaboradoras, em 2019. A montagem se transformou, muito rapidamente, em uma espécie de marco teatral na cidade de São Paulo. Postulados como a “emergência do real”, a implicação da própria artista na substância da obra, mais a busca de uma zona de limiar, na qual se tensionasse a fronteira entre arte e vida, causam espanto e fascínio, porém é provável que também apresentem, como contraface, doses elevadas de idealismo e mistificação. São formulações estéticas fascinantes que reorientam a noção de política nas artes desde os anos 1970, ao mesmo tempo parecem acompanhar e reproduzir novos padrões de consumo cultural e trabalho atomizado vigentes no capitalismo contemporâneo. Em síntese, aquilo que por um lado aparece como transgressão e recusa da desordem do mundo, por outro apresenta um aspecto de realinhamento, adesão e fascínio pela barbárie.
Downloads
Referências
ARANTES, O. B. F. Mário Pedrosa: itinerário crítico. São Paulo: Cosac Naify, 2004.
BENJAMIN, W. A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In: BENJAMIN, W. Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1994. p. 169-192.
BÜRGER, P. Teoria da vanguarda. São Paulo: Cosac Naify, 2008.
EAGLETON, T. As ilusões do pós-modernismo. São Paulo: Jorge Zahar, 1998.
FÉRAL, J. Além dos limites: teoria e prática do teatro. São Paulo: Perspectiva, 2015.
FISCHER-LICHTE, E. Realidade e ficção no teatro contemporâneo. Sala Preta, São Paulo, v. 13, n. 2, p. 14-32, 2013.
FISCHER-LICHTE, E. Estética do performativo. Lisboa: Orfeu Negro, 2019.
FOUCAULT, M. Fearless speech. Los Angeles: Semiotext(e), 2001.
FOUCAULT, M. O governo de si e dos outros: curso no Collège de France (1982-1983). São Paulo: Martins Fontes, 2010.
FOUCAULT, M. A coragem da verdade: o governo de si e dos outros II. São Paulo: Martins Fontes, 2011.
HARVEY, D. A condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 2010.
JAMESON, F. Periodizando os anos 60. In: HOLLANDA, H. B. (org.). Pós-modernismo e política. Rio de Janeiro: Rocco, 1992. p. 17-32.
JAMESON, F. Pós-modernismo: a lógica cultural do capitalismo tardio. São Paulo: Ática, 2007.
KRISTEVA, J. Stabat mater. In: KRISTEVA, J. Historias de amor. Cidade do México: Siglo Veintiuno Editores, 1987. p. 67-98.
LEITE, J. F. Autoescrituras performativas: do diário à cena. As teorias do autobiográfico como suporte para a reflexão sobre a cena contemporânea. 2014. Dissertação (Mestrado em Teoria e Prática do Teatro) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2014.
LEITE, J. F. Stabat mater. São Paulo: Centro Cultural São Paulo, 2019.
PAGLIA, C. Personas sexuais: Arte e decadência de Nefertite a Emily Dickinson. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.
PASTA JÚNIOR, J. A. O padre e o anarquista. Folha de S. Paulo, São Paulo, 13 ago. 1998. Disponível em: https://bit.ly/2OC4I6Y. Acesso em: 17 jul. 2020.
PEDROSA, M. Arte: ensaios. São Paulo: Cosac Naify, 2015.
VIANA, S. Rituais de sofrimento. São Paulo: Boitempo, 2012.
WILLIAMS, R. A tragédia moderna. São Paulo: Cosac Naify, 2002.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Os leitores são livres para compartilhar, copiar e redistribuir os textos publicados na Sala Preta, sem fins comerciais e em qualquer suporte ou formato, desde que sejam dados os créditos apropriados ao(s) autor(es) e à Revista. Podem também adaptar, remixar, transformar e criar a partir deste material, desde que distribuam o material derivado sob a mesma licença do original – e mantenham a menção explícita ao(s) autores e à Revista Sala Preta.
Ao submeter um artigo à Sala Preta e tê-lo aprovado para publicação os autores concordam com os termos da Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-CompartilhaIgual 4.0 Internacional.