A representação emancipada
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v13i1p47-55Palavras-chave:
Teatro, Teoria, ContemporâneoResumo
A constituição do teatro é completamente contraditória. Esta é uma evidência que muitas vezes nós perdemos de vista. Fundado na mimese, o teatro faz da ação uma ilusão e também, por vezes, da ilusão uma ação. Seu funcionamento repousa igualmente sobre o texto e sobre a cena. O texto, por definição, é duradouro e se oferece à releitura e à repetição (ele conta); a cena é efêmera e reproduz sem nunca repetir de modo completamente idêntico (ela representa). A união entre texto e cena, o objetivo do teatro, é de certa forma antinatural. Ela não se realiza a não ser através de acordos, equilíbrios parciais e instáveis. Às vezes, é a cena que está subordinada ao texto: como o quer uma certa tradição no Ocidente, mas essa tradição é no fim das contas recente (não vai além do século XVII) e está longe de ser válida para todas as formas de teatro. As práticas populares, das farsas aos espetáculos de variedades, por exemplo, a ignoram. Algumas vezes o texto está submetido à cena, no sentido amplo da palavra, e esta é a regra em todas as tradições não-europeias.
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