Reflexões sobre o racismo no cuidado em saúde e o acompanhamento do Programa Bolsa Família
DOI:
https://doi.org/10.1590/S0104-12902025240148ptPalabras clave:
Atenção Primária à Saúde, Racismo, InterseccionalidadeResumen
Buscou-se analisar as narrativas de profissionais da atenção primária à saúde do município do Rio de Janeiro sobre as pessoas acompanhadas pelo Programa Bolsa Família, a partir dos conceitos de racismo e interseccionalidade. Trata-se de pesquisa com abordagem qualitativa e participativa. Foram realizados grupos focais, grupos hermenêuticos e um encontro de avaliação. Para cada grupo foram construídas narrativas a partir da síntese dos núcleos argumentais presentes nas falas. O cuidado às famílias acompanhadas é permeado pela noção de outridade. Produzem-se julgamentos morais em relação às pessoas, vistas como acomodadas e irresponsáveis, culpabilizando as mulheres e desqualificando-as como mãe. A estrutura das narrativas produzidas revela o racismo que as sustenta. O racismo genderizado nega às mulheres o estatuto de humanidade e de mulher. Há incômodos com os signos de beleza feminina, considerados supérfluos e prova de uso indevido do recurso, revelando o desejo de controle sobre os corpos das mulheres e naturalizando-se a precariedade de suas situações materiais de vida. Reproduz-se o racismo institucional, com impacto no cuidado, pois reafirmam vulnerabilidades. Desvelar o racismo nas narrativas constitui-se uma ferramenta para seu enfrentamento, permitindo a reflexão e a transformação das práticas e contribuindo para a construção de políticas públicas antirracistas.
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