Neutralidade da ciência, desencantamento do mundo e controle da natureza
DOI:
https://doi.org/10.1590/S1678-31662008000100005Palavras-chave:
Neutralidade, Desencantamento do mundo, Controle da natureza, Dominação da natureza, Eco-socialismo, Auto-controle, Autonomia, LaceyResumo
O objetivo deste ensaio é explorar o auto-controle como alternativa às práticas de controle ou dominação da natureza, no contexto dos problemas ecológicos, primeiro pelos indivíduos, depois pela sociedade e, por fim, pela ciência. O ponto de partida é uma análise em três componentes da tese da neutralidade da ciência, uma das quais a tese da neutralidade factual reflete o caráter puramente descritivo das proposições científicas e tem uma estreita ligação com o controle da natureza. A supervalorização do controle da natureza característica da modernidade, por sua vez, é vista como parte das causas dos problemas ecológicos, cuja superação demonstra a necessidade da adoção do auto-controle, não apenas pelos indivíduos, mas ainda mais crucialmente pela sociedade, sendo o auto-controle social incompatível com a dinâmica do sistema capitalista. Na seção final, identifica-se o auto-controle no domínio da ciência com a autonomia, mostra-se como a reivindicação tradicional da autonomia, baseada na neutralidade, não mais se sustenta, em virtude dos processos de mercantilização a que a ciência é submetida. Como conclusão, propõe-se uma modalidade alternativa de autonomia, em que a ciência é colocada não acima, mas ao lado de outras formas de conhecimento e outras instituições sociais.Downloads
Referências
Angell, M A. Verdade sobre os laboratórios farmacêuticos : como somos enganados e o que podemos fazer a respeito. Rio de Janeiro: Record, 2007.
Furtado, C. O mito do desenvolvimento econômico. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974.
Global Footprint Network. <http://www.footprintnetwork.org/>. Acessado em 20/07/2008.
Institut d’Études Économiques et Sociales pour la Décroissance Soutenable. <http://www.decroissance.org/?chemin=accueil>. Acessado em 20/07/2008.
Kovel, J. The enemy of nature: the end of capitalism or the end of the world? New York: Zed Books, 2002.
Lacey, H. Is science value free?: values and scientific understanding. London/New York: Routledge, 1999.
Lacey, H. Values and objectivity in science and the current controversy about transgenic crops. Lanham: Lexington Books, 2005.
Lacey, H. A controvérsia sobre os transgênicos. Questões científicas e éticas. Aparecida: Idéias e Letras, 2006.
Lacey, H. & Mariconda, P. R. A águia e os estorninhos: Galileu e a autonomia da ciência. Tempo Social, 13, 1, p. 49-65, 2001.
Leiss, W. The domination of nature. Boston: Beacon Press, 1974.
Löwy, M. Ecologia e socialismo. São Paulo: Cortez, 2005.
Marx, K. A contribution to the critique of political economy. London: Lawrence & Wishart, 1971.
Marx, K. Grundrisse. Harmondsworth: Penguin, 1973.
Marx, K. O capital: crítica da economia política. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
Meadows, D. et al. The limits to growth. London: Pan Books, 1974.
Mill, J. S. Princípios de economia política, com algumas de suas aplicações à filosofia social. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
Oliveira, M. B. Desmercantilizar a tecnociência. In: Santos, B. de S. (Org.). Conhecimento prudente para uma vida decente. “Um discurso sobre as ciências” revisitado. São Paulo: Cortez, 2004. p. 241-66.
Oliveira, M. B. Ciência: força produtiva ou mercadoria? Crítica Marxista, 21, p. 77-96, 2005.
Oliveira, M. B. & Fernandez, B. P. M. Hempel, Semmelweis e a verdadeira tragédia da febre puerperal. Scientiae Studia, 5, 1, p. 49-79, 2007.
Parti pour la Décroissance. <http://www.partipourladecroissance.net/>. Acessado em 20/07/2008.
Pierucci, A. F. O desencantamento do mundo: todos os passos do conceito em Max Weber. São Paulo: 34, 2003.
Polanyi, K. A grande transformação. Rio de Janeiro: Campus, 1980.
Santos, B. de S. (Org.). Conhecimento prudente para uma vida decente. “Um discurso sobre as ciências” revisitado. São Paulo: Cortez, 2004.
Sweezy, P. The theory of capitalist development: principles of Marxian political economy. New York: Monthly Review Press, 1968.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2008 Scientiae Studia

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
A revista detém os direitos autorais de todos os textos nela publicados. Os autores estão autorizados a republicar seus textos mediante menção da publicação anterior na revista. A revista adota a Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.