O método de análise cartesiano e o seu fundamento

Autores

  • César Augusto Battisti Universidade Estadual do Oeste do Paraná

DOI:

https://doi.org/10.1590/S1678-31662010000400004

Palavras-chave:

Geração, Descartes, Método de análise, Pappus, Matemática, Razão, Causa

Resumo

Este artigo examina certos pontos essenciais do método cartesiano e seu fundamento. (1) Dado que Descartes elege a análise como seu método, é a partir da antiga tradição dos geômetras gregos que devemos examiná-la. (2) Seu método não é, entretanto, de natureza matemática. A análise põe às claras o modo de a razão conhecer, ilustrado por essa ciência. (3) A reflexão cartesiana distingue metodologia de epistemologia. Relações de dependência entre objetos são, em geral, estabelecidas a partir do relativo e do complexo, dada a primazia metodológica destes em relação ao absoluto e ao simples. (4) Um dos modos mais profundos de justificar essa primazia do dependente e, com isso, justificar o método de análise, na medida em que é um procedimento contra a corrente liga-se à tese cartesiana de que compreender algo é compreender a sua causa, visto que todo existente existe como efeito. (5) O método de análise, portanto, pode assumir, como é de sua essência, o efeito como dado e proceder "para cima" em busca da causa, e seu fundamento está no axioma da identidade entre a causa e a razão, causa sive ratio.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Adam, C. & Tannery, P. (Ed.). Œuvres de Descartes. Paris: Vrin/Centre National Du Livre, 1995-1998. 11 v. (AT).

Alquié, F. Œuvres philosophiques de Descartes. Paris: Garnier, 1987. V. 2.

Aristóteles. Ética a Nicômaco. Tradução L. Vallandro, & G. Bornhein. 3. ed. São Paulo: Nova Cultural, 1987. p. 45-236. (Os pensadores).

Battisti, C. A. O método de análise em Descartes: da resolução de problemas à constituição do sistema do conhecimento. Cascavel/PR: Edunioeste, 2002.

Carraud, V. Causa sive ratio: la raison de la cause, de Suarez à Leibniz. Paris: PUF, 2002.

Descartes, R. Discurso do método. Tradução J. Guinsburg & B. P. Júnior. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983a, p. 25-71. (Os pensadores).

Descartes, R. Meditações. Tradução J. Guinsburg & B. P. Júnior. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983b, p. 73-142. (Os pensadores).

Descartes, R. Objeções e respostas. Tradução J. Guinsburg & B. P. Júnior. 3. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983c, p. 143-211. (Os pensadores).

Descartes, R. Regras para a direção do espírito. Tradução J. Gama. Lisboa: Edições 70, 1985.

Descartes, R. La geometrie. Adam, C. & Tannery, P. (Ed.). Œuvres de Descartes. Paris: Vrin/Centre National Du Livre, 1995-1998. v. 6, p. 367-485.

Heath, T. L. (Ed.). The works of Archimedes including the method. Chicago: Britannica, 1952.

Hintikka, J. & Remes, U. A análise geométrica antiga e a lógica moderna. Cadernos de História e Filosofia da Ciência, 4, p. 28-47, 1983.

Hintikka, J. & Remes, U.The method of analysis. Dordretch: Publishing Company, 1974.

Loparic, Z. Descartes heurístico. Campinas: IFCH/ UNICAMP, 1997.

Pappus de Alexandria. La collection mathématique. Paris: Blanchard, 1982.

Viète. F. In artem analyticen isagoge. In: Hofmann, J. E. (Ed.). Viète. Opera mathematica. Hildesheim/New York: Verlag, 1970. p. 1-12.

Downloads

Publicado

2010-12-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

O método de análise cartesiano e o seu fundamento . (2010). Scientiae Studia, 8(4), 571-596. https://doi.org/10.1590/S1678-31662010000400004