Estruturas conceituais e estratégias de investigação: modelos representacionais e instanciais, analogias e correspondência

Autores

  • Valter Alnis Bezerra Universidade Federal do ABC. Centro de Ciências Naturais e Humanas

DOI:

https://doi.org/10.1590/S1678-31662011000300007

Palavras-chave:

Modelo, Analogia, Estrutura, Prototeoria, Modelos de dados, Princípio de correspondência

Resumo

São discutidas, neste artigo, determinadas estratégias de investigação científica que têm em comum as características de estar fundadas sobre as noções de modelo e de depender de um contraponto entre duas ou mais estruturas. São focalizadas três dessas estratégias científicas. Analisa-se, primeiramente, a modelagem, tal como entendida usualmente na ciência. Para isso, distinguem-se duas noções de modelo: a noção lógica ou instancial e a noção prototeórica ou representacional. Ao mesmo tempo em que são assinaladas as diferenças entre as duas acepções do termo, procura-se também compreender de que maneira elas estão relacionadas. Em particular, para investigar a relação (entre estruturas e realidade) de modelagem representacional é preciso invocar a relação (entre estruturas e estruturas) de modelagem lógica. A análise dos modelos também contribui para elucidar a relação de adequação empírica entre as teorias científicas e os dados, por meio da noção de subestrutura empírica ou modelo de dados. São consideradas, em segundo lugar, as analogias. O seu funcionamento é aqui analisado em termos de modelos e isomorfismos parciais, o que permite capturar a ideia de uma tradução dos problemas e de suas soluções em domínios de investigação diferentes. Destaca-se o papel importante desempenhado pelas analogias no pensamento científico de Maxwell (que também atribuía lugar de destaque aos modelos). Em terceiro lugar, discute-se o princípio de correspondência, que historicamente desempenhou um papel notável na primeira fase da teoria quântica. São identificadas duas formas, de teor diferente, que o princípio assumiu na teoria quântica, sendo ambas elucidadas em termos de modelos. Para contextualizar a discussão sobre o princípio de correspondência, e também para exemplificar as características dos modelos representacionais, dedica-se aqui uma atenção especial ao modelo atômico de Bohr-Sommerfeld.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Balzer, W. & Moulines, C. U. (Ed.). Structuralist theory of science: focal issues, new results. Berlim: Walter de Gruyter, 1996.

Balzer, W; Moulines, C. U. & Sneed, J. D. An architectonic for science: the structuralist program. Dordrecht: D. Reidel, 1987.

Batista, I. L. O ensino de teorias físicas mediante uma estrutura histórico-filosófica. Ciência & Educação, 10, 3, p. 461-76, 2004.

Bezerra, V. A. Schola quantorum: progresso, racionalidade e inconsistência na antiga teoria atômica. Parte I: desenvolvimento histórico, 1913-1925. Scientiae Studia, 1, 4, p. 463-517, 2003.

Bohr, N. Sobre a constituição de átomos e moléculas. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1979 [1913].

Bohr, N. On the quantum theory of line-spectra. Mineola/New York: Dover, 2005 [1918].

Bohr, N.; Kramers, H. A. & Slater, J. C. The quantum theory of radiation. In: Van der Waerden, B. L. (Ed.). Sources of quantum mechanics. New York: Dover, 1968. p. 159-76.

Bokulich, P. & Bokulich, A. Niels Bohr’s generalization of classical mechanics. Foundations of Physics, 35, 3, p. 347-71, 2005.

Bueno, O. What is structural empiricism? Scientific change in an empiricist setting. Erkenntnis, 50, p. 59-85, 1999.

Bueno, O.; French, S. & Ladyman, J. On representing the relationship between the mathematical and the empirical. Philosophy of Science, 69, p. 497-518, 2002.

Carman, C. C. & Fernández, M. P. Gen: ¿teórico y observacional? Términos T-teóricos y términos T-observacionales. In: Martins, R. A. et al. (Ed.). Filosofia e história da ciência no cone sul: 3o. Encontro. Campinas: AFHIC, 2004. p. 102-9.

Carrilho, M. M. (Ed.). Epistemologia: posições e críticas. Lisboa: Gulbenkian, 1991.

Cushing, J. T. Models and methodologies in current theoretical high-energy physics. Synthese, 50, p. 5-101, 1982.

Díez, J. A. & Lorenzano, P. (Ed.). Desarrollos actuales de la metateoría estructuralista: problemas y discusiones. Bernal: Universidad Nacional de Quilmes, 2002.

Einstein, A. On the quantum theory of radiation. In: Van der Waerden, B. L. (Ed.). Sources of quantum mechanics. New York: Dover, 1968 [1917]. p. 63-77.

Einstein, A. Remarks concerning the essays brought together in this co-operative volume. In: Schilpp, P. A. (Ed.). Albert Einstein: philosopher-scientist. Evanston/Illinois: The Library of Living Philosophers, 1949. p. 665-88.

French, S. Ciência. Porto Alegre: Artmed, 2009.

French, S. & Ladyman, J. Remodelling structural realism: quantum physics and the metaphysics of structure. Synthese, 136, p. 31-56, 2003.

Giere, R. N. Science without laws. Chicago/London: University of Chicago Press, 1999a.

Giere, R. N. Using models to represent reality. In: Magnani, L. et al. (Ed.). Model-based reasoning in scientific discovery. New York: Kluwer/Plenum, 1999b. p. 41-57.

Hanson, N. R. Observação e interpretação. In: Morgenbesser, S. (Ed.). Filosofia da ciência. São Paulo: Cultrix/EDUSP, 1975. p. 125-38.

Heisenberg, W. Quantum-theoretical reinterpretation of kinematic and mechanical relations. In: Van der Waerden, B. L. (Ed.). Sources of quantum mechanics. New York: Dover, 1968 [1925]. p. 261-76.

Hesse, M. B. Models and analogies. In: Newton-Smith, W. H. (Ed.). A companion to the philosophy of science. Oxford: Blackwell, 2001. p. 299-307.

Hodges, W. A shorter model theory. Cambridge: Cambridge University Press, 1997.

Honner, J. The description of nature: Niels Bohr and the philosophy of quantum physics. Oxford: Clarendon Press, 1987.

Laudan, L. Progress and problems: towards a theory of scientific growth. Berkeley: University of California Press, 1977.

Magnani, L. et al. (Ed.). Model-based reasoning in scientific discovery. New York: Kluwer/Plenum, 1999.

Martins, R. A. et al. (Ed.). Filosofia e história da ciência no cone sul: 3o. Encontro. Campinas: AFHIC, 2004.

Maxwell, J. C. On Faraday’s lines of force. In: Maxwell, J. C. The scientific papers of James Clerk Maxwell. Mineola/New York: Dover, 2003a [1856]. v. 2, p. 155-229.

Maxwell, J. C. On physical lines of force. In: Maxwell, J. C. The scientific papers of James Clerk Maxwell. Mineola/New York: Dover, 2003b [1862]. v. 2, p. 451-513.

Morgenbesser, S. (Ed.). Filosofia da ciência. São Paulo: Cultrix/EDUSP, 1975.

Nagel, E.; Suppes, P. & Tarski, A. (Ed.). Logic, methodology and philosophy of science. Stanford: Stanford University Press, 1962.

Newton-Smith, W. H. (Ed.). A companion to the philosophy of science. Oxford: Blackwell, 2001.

Putnam, H. O que as teorias não são. In: Carrilho, M. M. (Ed.). Epistemologia: posições e críticas. Lisboa: Gulbenkian, 1991. p. 299-326.

Sant’anna, A. S. O que é um axioma. Barueri: Manole, 2003.

Schilpp, P. A. (Ed.). Albert Einstein: philosopher-scientist. Evanston/Illinois: The Library of Living Philosophers, 1949.

Sneed, J. D. The logical structure of mathematical physics. Dordrecht: D. Reidel, 1971.

Sommerfeld, A. Atomic structure and spectral lines. 2 ed. London: Methuen, 1928.

Sommerfeld, A. Atomic structure and spectral lines. 3 ed. New York: E. P. Dutton, 1934. v. 1.

Stegmüller, W. The structure and dynamics of theories. New York: Springer, 1976.

Suppes, P. A comparison of the meaning and uses of models in mathematics and the empirical sciences. Synthese, 12, p. 287-301, 1960.

Suppes, P. Models of data. In: Nagel, E.; Suppes, P. & Tarski, A. (Ed.). Logic, methodology and philosophy of science. Stanford: Stanford University Press, 1962. p. 252-61.

Turner, J. Maxwell on the method of physical analogy. British Journal for the Philosophy of Science, 6, 23, p. 226-38, 1955.

Van Dalen, D. Logic and structure. 4. ed. Berlin: Springer, 2004.

Van der Waerden, B. L. (Ed.). Sources of quantum mechanics. New York: Dover, 1968.

Van Fraassen, B. C. A imagem científica. São Paulo: Editora da Unesp/Discurso Editorial, 2007 [1980].

Woodward, J. Data and phenomena. Synthese, 79, 3, p. 393-472, 1989.

Downloads

Publicado

2011-01-01

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Estruturas conceituais e estratégias de investigação: modelos representacionais e instanciais, analogias e correspondência . (2011). Scientiae Studia, 9(3), 585-609. https://doi.org/10.1590/S1678-31662011000300007