Valores e incomensurabilidade: meditações kuhnianas em chave estruturalista e laudaniana
DOI:
https://doi.org/10.1590/S1678-31662012000300003Palavras-chave:
Kuhn, Incomensurabilidade, Laudan, Metateoria estruturalista, Valores, Metodologia, Racionalidade científicaResumo
Neste artigo, são colocados em perspectiva e reinterpretados dois temas que ocupam lugar de destaque dentro da imagem kuhniana de ciência: (1) o papel dos valores e sua relação com a questão da subdeterminação metodológica; (2) a incomensurabilidade e seus dilemas. As teses de Kuhn a respeito desses temas são reavaliadas, seus desdobramentos são criticamente discutidos, e determinadas reinterpretações e reformulações são propostas. Isso é feito segundo duas perspectivas metacientíficas: a visão historiográfica-metametodológica de Laudan (nas variantes reticulacional e de solução de problemas) e a metateoria estruturalista iniciada por Balzer, Moulines e Sneed. Mostra-se que, desse modo, são removidas as principais dificuldades inerentes ao tratamento kuhniano dessas questões, ao mesmo tempo que se consegue preservar os traços mais interessantes e as intuições mais perspicazes de Kuhn a respeito.Downloads
Referências
Balzer, W. Incommensurability, reduction, and translation. Erkenntnis, 23, p. 255-67, 1985.
Balzer, W. & Moulines, C. U. (Ed.). Structuralist theory of science: focal issues, new results. Berlin: Walter de Gruyter, 1996.
Balzer, W.; Moulines, C. U. & Sneed, J. D. An architectonic for science: the structuralist program. Dordrecht: D. Reidel, 1987.
Bezerra, V. A. Problemas e seus problemas - a estrutura e a dinâmica da ciência vistas sob o enfoque de solução de problemas. São Paulo, 1994. Dissertação (Mestrado em Filosofia). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.
Bezerra, V. A. Estruturas em busca do equilíbrio - o lugar da metametodologia e o papel da coerência no modelo reticulado de racionalidade científica. São Paulo, 1999. Tese (Doutorado em Filosofia). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.
Bezerra, V. A. Estruturas conceituais e estratégias de investigação: modelos representacionais e instanciais, analogias e correspondência. Scientiae Studia, 9, 3, p. 585-609, 2011.
Bird, A. Thomas Kuhn. In: Zalta, E. N. (Ed.). Stanford encyclopedia of philosophy – Winter 2011 Edition. Stanford, CA: Metaphysics Research Lab, 2011. Disponível em: <http://plato.stanford.edu/archives/win2011/entries/thomas-kuhn/> Acesso em: 13 jun. 2012.
Caamaño, M. A structural analysis of the phlogiston case. Erkenntnis, 70, p. 331-64, 2009.
Davidson, D. On the very idea of a conceptual scheme. In: Davidson, D. Inquiries into truth and interpretation. Oxford: Clarendon Press, 1984 [1974]. p. 183-98.
Díez, J. A. & Lorenzano, P. La concepción estructuralista en el contexto de la filosofía de la ciencia del siglo xx. In: Díez, J. A. & Lorenzano, P. (Ed.). Desarrollos actuales de la metateoría estructuralista: problemas y discusiones. Bernal: Universidad Nacional de Quilmes, 2002. p. 13-78.
Díez, J. A. & Lorenzano, P. (Ed.). Desarrollos actuales de la metateoría estructuralista: problemas y discusiones. Bernal: Universidad Nacional de Quilmes, 2002.
Díez, J. A. & Moulines, C. U. Fundamentos de filosofía de la ciencia. 2. ed. Barcelona: Ariel, 1999.
Dilworth, C. C. Scientific progress: a study concerning the nature of the relation between successive scientific theories. 4. ed. Berlin: Springer, 2008.
Gibson Júnior, R. F. (Ed.). Quintessence: basic readings from the philosophy of W. V. Quine. Cambridge, Mass./London: Belknap Press, 2004.
Guitarrari, R. Incomensurabilidade e racionalidade científica em Thomas Kuhn: uma análise do relativismo epistemológico. São Paulo, 2004. Tese (Doutorado em Filosofia). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.
Hacking, I. Linguagem, verdade e razão. In: Hacking, I. Ontologia histórica. São Leopoldo, RS: Editora Unisinos, 2009 [1982]. p. 179-98.
Hoyningen-Huene, P. Reconstructing scientific revolutions: Thomas S. Kuhn’s philosophy of science. Chicago/London: University of Chicago Press, 1993.
Hoyningen-Huene, P. & Sankey, H. (Ed.). Incommensurability and related matters. Dordrecht: Kluwer, 2001.
Kuhn, T. S. The structure of scientific revolutions. 2. ed. Chicago: University of Chicago Press, 1970.
Kuhn, T. S. Reconsiderações acerca dos paradigmas. In: Kuhn, T. S. A tensão essencial. Lisboa: Edições 70, 1989a [1974]. p. 353-82.
Kuhn, T. S. Objetividade, juízo de valor e escolha teórica. In: Kuhn, T. S. A tensão essencial. Lisboa: Edições 70, 1989b [1977]. p. 383-405.
Kuhn, T. S. A revolução copernicana. Tradução M. C. Fontes. Lisboa: Edições 70, 2002.
Kuhn, T. S. Reflexões sobre meus críticos. In: Kuhn, T. S. O caminho desde a estrutura: ensaios filosóficos, 1970-1993. São Paulo: Editora da Unesp, 2006a [1970]. p. 155-216.
Kuhn, T. S. Mudança de teoria como mudança de estrutura: comentários sobre o formalismo de Sneed. In:
Kuhn, T. S. O caminho desde a estrutura: ensaios filosóficos, 1970-1993. São Paulo: Editora da Unesp, 2006b [1976]. p. 217-40.
Kuhn, T. S. Comensurabilidade, comparabilidade, comunicabilidade. In: Kuhn, T. S. O caminho desde a Estrutura: ensaios filosóficos, 1970-1993. São Paulo: Editora da Unesp, 2006c [1983]. p. 47-76.
Lacey, H. Valores e atividade científica I. São Paulo: Editora 34/Scientiae Studia, 2008.
Laudan, L. Two dogmas of methodology. Philosophy of Science, 43, p. 585-97, 1976.
Laudan, L. Progress and its problems: towards a theory of scientific growth. Berkeley/London: University of California Press, 1977.
Laudan, L. Science and values - the aims of science and their role in scientific debate. Berkeley: University of California Press, 1984.
Laudan, L. Kuhn’s critique of methodology. In: Pitt, J. C. (Ed.). Change and progress in modern science. Dordrecht: D. Reidel, 1985. p. 283-99.
Laudan, L. Progress or rationality? The prospects for normative naturalism. American Philosophical Quarterly, 24, p. 19-31, 1987.
Laudan, L. Beyond positivism and relativism - theory, method and evidence. Boulder: Westview Press, 1996.
Laudan, L. O progresso e seus problemas: rumo a uma teoria do crescimento científico. São Paulo: Editora da Unesp, 2011.
Lorenzano, P. Inconmensurabilidad teórica y comparabilidad empírica: el caso de la genética clásica. Análisis Filosófico, 28, 2, p. 239-79, 2008.
Moulines, C. U. Exploraciones metacientificas. Madrid: Alianza Editorial, 1982.
Moulines, C. U. Cuatro tipos de desarrollo teórico en las ciencias empíricas. Metatheoria, 1, 2, p. 11-27, 2011.
Pitt, J. C. (Ed.). Change and progress in modern science. Dordrecht: D. Reidel, 1985.
Quine, W. V. Translation and meaning. In: Gibson Júnior, R. F. (Ed.). Quintessence: basic readings from the philosophy of W. V. Quine. Cambridge, Mass./London: Belknap Press, 2004 [1960]. p. 119-68.
Sankey, H. Kuhn’s changing concept of incommensurability. British Journal for the Philosophy of Science, 44, 4, p. 759-74, 1993.
Shinn, T. & Ragouet, P. Controvérsias sobre a ciência: por uma sociologia transversalista da atividade científica. Tradução P. R. Mariconda & S. G. Garcia. São Paulo: Associação Filosófica Scientiae Studia/Editora 34, 2008.
Stegmüller, W. La concepción estructuralista de las teorías: un posible análogo para la ciencia física del programa de Bourbaki. Madrid: Alianza Editorial, 1981 [1979].
Suppe, F. The search for philosophic understanding of scientific theories. In: Suppe, F. (Ed.). The structure of scientific theories. 2. ed. Urbana/Illinois: University of Illinois Press, 1977. p. 1-241.
Suppe, F. (Ed.). The structure of scientific theories. 2. ed. Urbana/Illinois: University of Illinois Press, 1977.
Tambolo, L. Metametodologia e fini della scienza a partire da Laudan. Trieste, 2008. Tese (Doutorado em Filosofia). Università degli Studi di Trieste.
Zalta, E. N. (Ed.). Stanford encyclopedia of philosophy – Winter 2011 Edition. Stanford, CA: Metaphysics Research Lab, 2011. Disponível em: <http://plato.stanford.edu/archives/win2011/entries/thomas-kuhn/>.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2012 Scientiae Studia

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
A revista detém os direitos autorais de todos os textos nela publicados. Os autores estão autorizados a republicar seus textos mediante menção da publicação anterior na revista. A revista adota a Licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.