O Brasil sob Cardoso: neoliberalismo e desenvolvimentismo
DOI:
https://doi.org/10.1590/S0103-20701999000200003Palavras-chave:
Estado, governo, crise política, transição política, hegemonia, política econômica, desenvolvimento, neoliberalismo, Fernando Henrique CardosoResumo
Este artigo tem três partes. Na primeira, faz-se o exame dos processos de conquista do poder de Estado que culminaram na eleição de FHC usando o conceito de hegemonia e a idéia de momento maquiaveliano, derivada de Pocock. Na segunda parte, mostra-se que o novo bloco político no poder, para além de sua orientação liberal e internacionalizante, polariza-se entre duas versões contrapostas de liberalismo, o fundamentalismo neoliberal e o liberal-desenvolvimentismo. Discute-se os efeitos socioeconômicos da adoção pelo governo do neoliberalismo como eixo de sua política macroeconômica. Na terceira parte, analisam-se as razões políticas que levaram a Presidência reiteradamente a essa escolha. A hipótese explicativa sugerida é de que a Presidência da República interpretou a manutenção do fundamentalismo neoliberal como um meio decisivo para assegurar o necessário controle sobre o sistema político. Sugere-se, ao final, que as mudanças macroeconômicas iniciadas em janeiro de 1999 dão as bases para uma reorientação liberal-desenvolvimentista do governo.
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