Elites Acadêmicas: as Ciências Sociais na Academia Brasileira de Ciências
DOI:
https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2017.125964Palavras-chave:
Elites acadêmicas, Academia Brasileira de Ciências, Ciências sociais no Brasil, Campo científicoResumo
O objetivo do artigo consiste em evidenciar certo padrão de carreira científica dos 30 membros da seção de Ciências Sociais da centenária Academia Brasileira de Ciências. Criada em 2000, a área é composta por Antropologia, Demografia, Ciência Política, Economia, Geografia, História, Relações Internacionais e Sociologia, disciplinas que materializam hierarquias e diferenciações. Os Acadêmicos são caracterizados por uma série de elementos: origem geográfica, gênero, idade e formação científica. Evidencia-se que os percursos de formação do capital científico e de notoriedade mesclam-se ao da construção das instituições e dos suportes que viabilizaram a institucionalização destas ciências entre os anos 1960 e 1980. As elites acadêmicas ora construídas evidenciam um modo de consagração que tem como princípio a condução do reconhecimento seletivo dos pares. Essa ação simbólica revela os traços das condições sociais de possibilidade da vida acadêmica no país.
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