Laços à brasileira: desigualdades e vínculos sociais

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2020.174291

Palavras-chave:

Vínculos sociais, Desigualdades, Comparação, Brasil

Resumo

Ao longo da vida os indivíduos se envolvem num processo permanente de (re)construir laços (familiares, comunitários, profissionais, de cidadania) que lhes assegurem a proteção frente a riscos e o reconhecimento de sua própria existência e identidade. Embora, em cada sociedade, as várias modalidades de laço se façam presentes, há sempre um tipo preeminente, cujos valores e princípios influem sobre os demais, regulando-os e assentando as bases para uma economia moral particular, para um “regime de vinculação”. Neste artigo trataremos o tema a partir do caso brasileiro. Usaremos a comparação para identificar suas singularidades. Inicialmente compararemos os dados para o Brasil com aqueles produzidos em estudo anterior sobre uma amostra de dezesseis países europeus. Em seguida, analisaremos suas heterogeneidades internas, observando mudanças no tempo e entre regiões do país.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Nadya Araújo Guimarães, Universidade de São Paulo

    Doutora em sociologia pela Universidad Nacional Autónoma de México e professora titular sênior do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da USP, além de pesquisadora do CNPq associada ao Cebrap.

  • Serge Paugam, École des Hautes en Sciences Sociales

    Doutor em sociologia pela École des Hautes en Sciences Sociales (EHESS), diretor de pesquisa do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), diretor de estudos na EHESS e diretor do Centre Maurice Halbwachs (CNRS/EHESS/ENS).

  • Ian Prates, Centro Brasileiro de Análise e Planejamento

    Doutor em sociologia pela Universidade de São Paulo e pesquisador do Cebrap.

Referências

Aassve, Arnstein; Billari, Francesco C.; Mazzuco, Stefano & Ongaro, Fausta. (2001), “Leaving home ain’t easy: A comparative longitudinal analysis of ECHP data”. Max Planck Institute for Demographic Research Working Paper 2001-038, Rostock.

Araujo, Anna Barbara. (2019), Políticas sociais, emoções e desigualdades: enredando o trabalho de cuidado de idosos em uma política pública municipal. Rio de Janeiro, tese de doutorado em sociologia, Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Banfield, Edward C. (1958), The moral basis of a backward society. Nova York/Londres, Free Press/Collier-Macmillan.

Billari, Francesco. (2004), “Becoming an adult in Europe: a macro(/micro)-demographic perspective”. Demographic Research, Special Collection 3: 2: 15-44. Disponível em www.demographic-research.org/special/3/2/.

Beck, Ülrich. (2000), The brave new world of work. Cambridge, Polity Press.

Bourdieu, Pierre. (2009), “Estruturas, habitus e prática”. In: Miceli, Sergio (org.). A economia das trocas simbólicas. São Paulo, Perspectiva, 2009.

Camarano, Ana Amélia; Kanso, Solange & Fernandes, Daniele. (2016), “O Brasil envelhece antes e pós-pni”, In: Alcântara, Alexandre de Oliveira; Camarano, Ana Amélia & Giacomin, Karla Cristina (orgs.). Política Nacional do Idoso: velhas e novas questões. Rio de Janeiro, Ipea, cap. 2, pp. 63-106.

Cardoso, Adalberto Moreira. (2010), A construção da sociedade do trabalho no Brasil. Rio de Janeiro, Editora da FGV.

Carvalho, José Murilo. (1981), A construção da ordem. São Paulo, Mestre Jou.

Castel, Robert. (1995), Les métamorphoses de la question sociale, une chronique du salariat. Paris, Fayard.

Cook, Thomas D. & Furstenberg, Frank F. (2002), “Explaining aspects of the transition to adulthood in Italy, Sweden, Germany, and the United States: A cross-disciplinary, case synthesis approach”. The Annals of the American Academy of Political and Social Sciences, 580 (1), MAR.

Cherlin, Andrew J.; Scabini, Eugenia & Rossi, Giovanna. (1997), “Still in the nest: delayed home leaving in Europe and the United States”. Journal of Family Issues. 18 (6): 572-575.

Debert, Guita, Guimarães, Nadya Araujo & Hirata, Helena. (2020), “Vieillissement et inégalités sociales : le cas du Brésil”. Retraite et Société, 84 (2).

Demazière, Didier; Guimarães, Nadya Araujo; Hirata, Helena & Sugita, Kurumi. (2013), Être chômeur à Paris, São Paulo, Tokyo: une méthode de comparaison internationale. Paris, Presses de Sciences Po.

Draibe, Sônia Miriam. (1989), “An overview of social development in Brazil”. Cepal Review, 39: 47-61.

Draibe, Sônia Miriam & Riesco, Manuel. (2007), “Estado de bem-estar, desenvolvimento econômico e cidadania: algumas lições da literatura contemporânea”. In: Hochman, Gilberto; Arretche, Marta & Marques, Eduardo (orgs.). Políticas públicas no Brasil. Rio de Janeiro, Fiocruz.

Durkheim, Emile. ([1893] 2007), De la division du travail social. Paris, Presses Universitaires de France, “Quadrige/Grands Textes”.

Durkheim, Emile. ([1925] 2012), L’éducation morale. Paris, Presses Universitaires de France, “Quadrige/Grands Textes”.

Durkheim, Emile. ([1950] 2015), Leçons de sociologie: physique des moeurs et du droit. Paris, Presses Universitaires de France, “Quadrige/Grands Textes”.

Esping-Andersen, Gosta. (1990), The three worlds of welfare capitalism. Princeton, Princeton University Press.

FGV, Fundação Getúlio Vargas (2019). Estudo da imagem do judiciário brasileiro. Sumário Executivo. Disponível em https://www.amb.com.br/wp-content/uploads/2020/04/Estudo_Da_Imagem.pdf.

Gallie Duncan & Paugam Serge (eds.). (2000), Welfare regimes and the experience of unemployment in Europe. Oxford, Oxford University Press.

Gomes, Angela de Castro. (1988), A invenção do trabalhismo. São Paulo, Vértice.

Guimarães, Nadya Araujo. (2007), “La ‘brésilianisation’ de l’occident?”. Revue Tiers Monde, 189 (1): 155-174.

Guimarães, Nadya Araujo. (2011), “O que muda quando se expande o assalariamento (e em que o debate da Sociologia pode nos ajudar a compreendê-lo)?”. Dados, 54: 97-130.

Guimarães, Nadya Araujo; Brito, Murillo Marschner Alves & Barone, Leonardo Sangali. (2016), “Mercantilização no feminino: a visibilidade do trabalho das mulheres no Brasil”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 90: 17-38.

Guimarães, Nadya Araujo; Paugam, S. (2016), “Work and employment precariousness: a transnational concept?”. Sociologia del Lavoro, 144: 55-84.

Guimarães, Nadya Araujo; Marteleto, Leticia & Brito, Murillo Marschner Alves. (2018), “Transições e trajetórias juvenis no mercado brasileiro de trabalho: padrões e determinantes”. Relatório Final do contrato de serviços Oit-Cebrap 2100154/3501, Brasília, Oit. Disponível em https://www.ilo.org/brasilia/publicacoes/WCMS_748393/lang--pt/index.htm.

Guimarães, Nadya Araujo; Brito, Murillo Marschner Alves & Comin, Álvaro. (2020), “Trajetórias e transições entre jovens brasileiros: pode a expansão eludir as desigualdades?”. Novos Estudos Cebrap, 39 (3).

Guimarães, Nadya Araujo & Vieira, Priscila Pereira Faria. (2020), “As ‘ajudas’: O cuidado que não diz seu nome”. Estudos Avançados, 34 (98): 7-23. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40142020000100007&lng=en&nrm=iso.

Hazans, Mihails. (2011), Informal Workers Across Europe: evidence from 30 European Countries. Policy Research Working Paper 5912. The World Bank – Europe and Central Asia Region, Human Development Economics Unit, December https://openknowledge.worldbank.org/handle/10986/3681?show=full.

Honneth, Axel. ([1992] 2003), Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. Tradução de Luiz Repa. São Paulo, Editora 34. (Kampf um Anerkennung: zur moralischen Grammatik sozialer Konflikte. Berlin, Suhrkamp).

Kerstenetzky, Celia. (2017), “Foi um pássaro, foi um avião? Redistribuição no Brasil do século XXI”. Novos Estudos Cebrap. 36 (2): 15-34.

Lahire, Bernard. (1998), L’homme pluriel : les ressorts de l’action. Paris, Nathan.

Lavinas, Lena; Cobo, Barbara & Veiga, Aline. (jan. 2012), “Bolsa Família: impacto das transferências de renda sobre a autonomia das mulheres pobres e as relações de gênero”. Revista Latinoamericana de Población, 6 (10): 31-56.

Moreno, Renata Faleiros Camargo. (2019), Entre a família, o Estado e o mercado: mudanças e continuidades na dinâmica, distribuição e composição do trabalho doméstico e de cuidado. São Paulo, tese de doutorado em sociologia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

Newman, Katherine S. (2009), “Laços que prendem: interpretações culturais sobre a maturidade tardia na Europa ocidental e no Japão”, Cadernos Pagu (32): 43-82.

Oliveira, Francisco de. (1972), “Crítica à razão dualista”. Estudos Cebrap, 2: 4-82.

Oliveira, Maria Coleta; Vieira, Joice Melo & Marcondes, Glaucia dos Santos. (2015), “Cinquenta anos de relações de gênero e geração no Brasil: mudanças e permanências”. In: Arretche.

Marta (org.). Trajetórias das desigualdades: como o Brasil mudou nos últimos cinquenta anos. São Paulo, Editora da Unesp/Centro de Estudos da Metrópole, cap. 11, pp. 309-334.

Paugam, Serge. (1991), La disqualification sociale: essai sur la nouvelle pauvreté. Paris, Presses Universitaires de France.

Paugam, Serge. ([2008] 2018), Le lien social. Paris, Presses Universitaires de France.

Paugam, Serge. (2019a), “Durkheim e o vínculo aos grupos: uma teoria social inacabada”. Sociologias, 19/44: 128-160.

Paugam, Serge. (2019b), “Desigualdade e laços sociais: por uma renovação da teoria do vínculo. Entrevista com Serge Paugam realizada por Pedro Martins Serra”. Plural, 26 (1): 208-232.

Paugam, Serge; Beycan, Tugse & Suter, Christian. (2020), “Ce qui attache les individus aux groupes et à la société. Une comparaison européenne”. Sciendo – Swiss Journal of Sociology, 46 (1): 7-35.

Paugam, Serge; Cousin, Bruno; Giorgetti, Camila & Naudet, Jules. (2017), Ce que les riches pensent des pauvres. Paris, Seuil.

Prates, Ian. (2018), O sistema de profissões no Brasil: formação, expansão e fragmentação. Um estudo de estratificação social. São Paulo, tese de doutorado em sociologia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

Reis, Elisa Pereira. (1995), “Desigualdade e solidariedade: uma releitura do “familismo amoral” de Banfield”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 10 (29).

Reis, Elisa Pereira. (2004), “A desigualdade na visão das elites e do povo brasileiro”. In: Scalon, Celi (org.). Imagens da desigualdade. Belo Horizonte/Rio de Janeiro, Editora UFMG/Iuperj/UCAM, pp. 37-73.

Rodrigues, Fabiana Alves & Arantes, Rogerio Bastos. (2020), “Supremo Tribunal Federal e a presunção de inocência: ativismo, contexto e ação estratégica”. Revista Estudos Institucionais, 6 (1): 21-54.

Salais, Robert; Baverez, Nicolas & Reynaud, Bénédicte. (1986), L’invention du chômage. Paris, Presses Universitaires de France.

Santos, Wanderley Guilherme. (1979), Cidadania e justiça: a política social na ordem brasileira. Rio de Janeiro, Campus.

Silva, Marcella Carvalho de Araujo. (2017), Obras, casas e contas: uma etnografia de problemas domésticos de trabalhadores urbanos no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, tese de doutorado em sociologia, Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Silva, Patricia Kunrath. (2016), “A outra face da desigualdade”. Revista Brasileira de Sociologia, 4 (7): 135-173.

Vieira, Priscila Pereira Faria. (2017), Trabalho e pobreza no Brasil entre narrativas governamentais e experiências individuais. São Paulo, tese de doutorado em sociologia, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo.

Downloads

Publicado

2020-12-11

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Guimarães, N. A., Paugam, S., & Prates, I. (2020). Laços à brasileira: desigualdades e vínculos sociais. Tempo Social, 32(3), 265-301. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2020.174291