Onde está o povo? Comunicação digital e populismo nas eleições de 2018
DOI:
https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2023.210794Palavras-chave:
Populismo, Campanhas digitais, WhatsApp, Eleições de 2018Resumo
Neste artigo discutimos se e em que medida as informações que circularam no WhatsApp durante as eleições presidenciais de 2018 poderiam caracterizar uma narrativa populista, e as relações desta com a democracia representativa e a ação conectiva. A partir da análise dos conteúdos veiculados nos grupos públicos do mensageiro, mostramos que estes apresentavam elementos que convergem para a caracterização tanto da narrativa populista, quanto das e-campanhas. Contudo, verificamos uma abordagem antissistêmica e odiosa, de caráter antipluralista, na qual o povo é incorpóreo e o líder é evocado, sobretudo nos conteúdos vinculados a Bolsonaro, o que sugere novas nuances do discurso populista autoritário na contemporaneidade.
Downloads
Referências
Aggio, C. & Castro, F. (2020), “‘Meu partido é o povo’: Uma proposta teórico-metodológica
para o estudo do populismo como fórmula de comunicação política seguida de estudo de
caso do perfil de Jair Bolsonaro no Twitter”. Comunicação e Sociedade, 42 (2): 429-465.
Allcott, H. & Gentzkow, M. (2017), “Social media and fake news in the 2016 Election”.
Journal of Economic Perspectives, 31 (2): 211-236.
Bachini, N. (2021), Movimentos sociais e descentramento das identidades coletivas no Brasil
contemporâneo: da pluralização às identidades ciber-orientadas. 278f. Rio de Janeiro, tese
de doutorado em Sociologia, Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro.
Bachini, N.; Rosa, K. C. G.; Costa, A. L. V. & Silva, R. N. de F. (2022), “Comunicação política no ambiente digital: uma análise das campanhas eleitorais municipais de 2020 no Facebook”. Opinião Pública, 28 (3): 750-786.
Baptista, E. A. et al. (2019), “A circulação da (des)informação política no WhatsApp e Facebook”. Lumina, 13 (3): 29-46.
Barros, T. Z de & Lago, M. (2022), “Do que estamos falando quando falamos de populismo”.
São Paulo, Companhia das Letras.
Bennett, L. & Segerberg, A. (2012), “The logic of connective action. Digital media and the personalization of contentious politics”. Information, Communication and Society, 15 (5): 739-768.
Castells, M. (2009), “El poder en la sociedad Red”. In: Castells, M. Comunicación y poder.
Madri, Alianza Editorial.
Cesarino, L. (2020), “Como vencer uma eleição sem sair de casa: a ascensão do populismo
digital no Brasil”. Internet e Sociedade, 1 (1): 91-120.
Chagas, V. et al. (2019), “O Brasil vai virar Venezuela: medo, memes e enquadramentos
emocionais no WhatsApp pró-Bolsonaro”. Revista Esferas, 14: 1-15.
Chaia, V. (2004), “Eleições no Brasil: o medo como estratégia política”. In: Rubim, A. A. C.
Eleições presidenciais em 2002 no Brasil. São Paulo, Hacker, pp. 29-52.
Dahlgren, P. (2005), “The internet, public spheres, and political communication: Dispersion
and deliberation”. Political Communication, 22 (2): 147-62.
Datafolha. (2018), “Eleições 2018”. https://media.folha.uol.com.br/datafolha/2018/10/2
/44cc2204230d2fd45e18b039ee8c07a6.pdf, consultado em 07/03/2023.
Farrel, D. & Webb, P. (2002), “Political parties as campaign organizations”. In: Dalton, R. & Wattenberg, M. (eds.). Parties without partisans: Political changes in advanced industrial
democracies. Oxford, Oxford University Press, pp. 3-35.
Gelman, A. & King, G. (1993), “Why the American presidential elections campaign polls so
variable when votes are so predictable?”. British Journal of Political Science, 23 (4): 409-450.
Gerbaudo, P. (2014), “Populism 2.0”. In: Trottier, D. & Fuchs, C. (eds). Social media, politics and the State: Protests, Revolutions, riots, crime and policing in the age of Facebook, Twitter and Youtube. Nova York, Routledge, pp. 67-87.
Gerbaudo, P. (2018), “Social media and populism: an elective affinity?”. Media, Culture &
Society, 40 (5): 1-9.
Gomes, W. (2011), “Participação política e internet: questões e hipóteses de trabalho”. In:
Maia, R. C. M. et al. Internet e participação política no Brasil. Porto Alegre, Sulina, pp. 19-46.
Gragnani, Juliana (5 out. 2018), “Um Brasil dividido e movido a notícias falsas: uma semana
dentro de 272 grupos políticos no WhatsApp”. Bbc News Brasil, Londres. Disponível em
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-45666742.
Hunter, J. D. (1991). Culture wars. The struggle to define America. Nova York, Basic Books.
Kaiser, J. et al. (2017), “What happened to the public sphere? The Networked public sphere
and public opinion formation”. In: Carayannis, E. G. et al. (eds.). Handbook of cyber-development, cyber-democracy, and cyber-defense. Cham, Springer International Publishing, pp. 1-28.
Laclau, E. (2013), Razão populista. Rio de Janeiro, Eduerj.
Lynch, C. & Cassimiro, P. (2022), O populismo reacionário. São Paulo, Editora Contracorrente.
Mangerotti, P.; Ribeiro V. & Gonzálex-Aldea, P. (2021), “Populism, Twitter, and political communication: An analysis of Jair Bolsonaro’s tweets during the 2018 election campaign”. Brazilian Journalism Research, 17 (3): 596-627.
Manin, B. (1995), “As metamorfoses do governo representativo”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 29 (1).
Manin, B. (2013), “A democracia do público reconsiderada”. Tradução de Otacílio Nunes.
Revista Novos Estudos Cebrap, Dossiê Mobilizações, protestos e revoluções, 97. https://doi.
org/10.1590/S0101-33002013000300008.
Mazzoleni, G. (2014), “Mediatization and political populism”. In: Esser, F. & Strömbäck, J. (eds). Mediatization of politics. Londres, Palgrave Macmillan, pp. 42-56.
Melo, P. et al. (2019), “WhatsApp monitor: a fact-checking system for WhatsApp”. In: Association for the Advancement of Artificial Intelligence. Proceedings of the int’l aaai conference on weblogs and social media (Icwsm’19). Munich, Germany, pp. 676-677.
Mouffe, C. (2005), The return of the political. Londres, Verso.
Mudde, C. & Kaltwasser, C. R. (2017). Populism: a very short introduction. Oxford, Oxford
University Press.
Norris, P. & Inglehart, R. (2019), Cultural backlash: Trump, Brexit, and authoritarian populism. Cambridge, Cambridge University Press.
O’Donnell, G. (jan. 1998), “Accountability horizontal e novas poliarquias”. Lua Nova: Revista
de Cultura e Política, 44: 27-54.
Pariser, E. (2011), The filter bubble: What the internet is hiding from you. Londres, Penguin UK.
Popkin, S. (1991), The reasoning vote: Communication and persuasion in presidential campaigns. Chicago, Chicago University Press.
Prior, H. (2021), “Digital populism and disinformation in post-truth times”. Communication
& Society, 34 (4): 49-64.
Resende, G. et al. (2019), “(Mis)information dissemination In WhatsApp: Gathering, analyzing and countermeasures”. In: Association For Computing Machinery. Proceedings of
the web conference. San Francisco, usa, pp. 1-11.
Ricci, P. et al. (2021), “O populismo no Brasil (1985-2019) Um velho conceito a partir de uma nova abordagem”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, 36 (107): 1-22.
Santos, J. G. B. et al. (maio 2019), “WhatsApp, política mobile e desinformação: a hidra nas
eleições presidenciais de 2018”. C&S, São Bernardo do Campo, 41 (2): 307-334.
Serrano-Puche, J. (2016), “Internet and emotions: New trends in an emerging field of research”. Comunicar, [46: 19-26.
Sibilia, P. (2008), O show do eu: A intimidade como espetáculo. Rio de Janeiro, Nova Fronteira.
Varão, R.; Ferreira, F. & Boselli, M. (2023), “Nós, o povo? Uma análise automatizada e
qualitativa de quem é o povo no Twitter de Jair Bolsonaro”. Palabra Clave, 26 (2). e2621.
https://doi.org/10.5294/pacla.2023.26.2.1.
Waisbord, S. (2013), “Populismo e mídia: O neopopulismo na América Latina”. Revista
Contracampo, Niterói, 28 (3): 26-52.
Wardle, C. & Derakhshan, H. (2017), “Information disorder toward na interdisciplinary
framework for research and policy making”. Council of Europe.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2023 Natasha Pereira, Gleidilucy Oliveira, Felipe Cara
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.