O Estado e a produção de convenções sociais acerca do mercado de armas de fogo no Brasil

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2024.218601

Palavras-chave:

Armas de fogo, Mercados contestados, Governo Lula, Estatuto do Desarmamento, Governo Bolsonaro

Resumo

O artigo analisa o papel do Estado na formulação de convenções sociais acerca das armas de fogo no Brasil. Selecionamos, como contencioso empírico, a Lei 10.826/2003, aprovada durante o primeiro Governo Lula (2003-2006), ainda, analisamos oito decretos presidenciais do primeiro ano do Governo Bolsonaro (2019). Na  metodologia, analisamos o marco jurídico nos fundamentando nos estudos de Steiner e Trespeuch, acerca dos mercados contestados; de Bourdieu, sobre o Estado e no conceito de convenção social, de Mary Douglas. Os resultados indicam que o Estado influenciou na produção de predisposições e que a convenção social desarmamentista, produzida durante o Governo Lula, foi desafiada, gerando disputas que extrapolam a perspectiva normativa.

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Biografia do Autor

  • Mateus Tobias Vieira, Universidade Estadual Paulista

    Doutorando em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp). Pesquisador bolsista Fapesp (Processo n.. 2021/05451-7).

  • Maria Chaves Jardim, Universidade Estadual Paulista

    Orofessora livre-docente em sociologia da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp).

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Publicado

2024-05-15

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Artigos

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Como Citar

Vieira, M. T., & Jardim, M. C. (2024). O Estado e a produção de convenções sociais acerca do mercado de armas de fogo no Brasil. Tempo Social, 36(1), 217-237. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2024.218601