“Políticas baseadas em evidência” em três estados da racionalidade econômica
DOI:
https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2024.226186Palavras-chave:
Políticas baseadas em evidência, Racionalidade econômica, Sociologia do conhecimento, Sociologia da quantificação, FilantropiaResumo
Tomando emprestada a divisão em três estados do capital cultural (incorporado, objetivado e institucionalizado), o artigo propõe que a racionalidade econômica adquire êxito político ao circular entre esses estados. Contrariamente à proposta original de Bourdieu, que remetia o êxito escolar sobretudo à internalização tácita e difusa do capital cultural enquanto disposições de percepção, argumenta-se que a força da racionalidade econômica reside nas suas formas mais exteriorizadas. De um lado, o estado objetivado anima instrumentos microeconômicos de avaliação de impacto e indicadores de resultado e, de outro, o estado institucionalizado forja centros de ensino e pesquisa em gestão e políticas públicas. Em ambos os casos, a racionalidade econômica não aparece como uma convicção proselitista da lógica de mercado, e sim como técnicas neutras de avaliação e decisão. Baseado sobretudo em entrevistas semiestruturadas (n = 61), busca-se depreender o intercâmbio entre os três estados nos processos de socialização acadêmica e profissional de atores que têm feito das “políticas baseadas em evidência” uma carreira no Brasil.
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