Amor, gênero, branquitude e poder nas sociedades de matriz simbólica ocidental
DOI:
https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2025.229343Palavras-chave:
Monogamia, Gênero, Raça, Amor, PoderResumo
Este ensaio teórico objetiva discutir as complexidades do “amor romântico” em sociedades de matriz simbólica ocidental e suas implicações nas dinâmicas de poder que perpassam gênero e raça. O texto está estruturado em três partes: a primeira aborda o amor e seus principais traços em sociedades de matriz simbólica ocidental, apontando para como essas produziram, diferentemente de outros contextos socioculturais, uma gramática que vincula amor e casamento; na segunda parte, exploramos como tais características do amor atravessam as relações de gênero, verificando implicações em termos de desigualdades; por fim, encerramos com uma breve reflexão sobre amor romântico e branquitude. Os resultados sugerem que os ideais do amor romântico, profundamente enraizados na instituição casamento, perpetuam as desigualdades de gênero, reforçando sutilmente estruturas de poder que se articulam a outros marcadores sociais, a exemplo da raça.
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