Vidas foragidas: circuitos urbanos de sobrevivência pós-cárcere

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2025.230351

Palavras-chave:

Prisão, Ocupações, Maquinaria punitiva, Labirinto jurídico-burocrático, Vidas foragidas

Resumo

O artigo tem como objetivo descrever a natureza de deslocamentos pela cidade produzidos pelo evento-prisão ou por sua ameaça, a fim de evidenciar um modo pelo qual o encarceramento interfere nos modos de vida de pessoas que passaram pelo cárcere, bem como conforma circuitos entre o legal e o ilegal no perímetro urbano. Nas microcenas etnográficas aqui apresentadas, as distintas configurações do que chamo de “fugas prisionais” se apresentam como recurso de sobrevivência e propulsoras de deslocamentos pela cidade. Assim, será possível observar a circulação produzida pelos dispositivos punitivos, não apenas no movimento que leva à prisão, mas nas rotas de fuga agenciadas para escapar dos riscos, ameaças e entraves que essa maquinaria punitiva interpõe nas trajetórias e que se enredam nas tramas da vida cotidiana.

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Biografia do Autor

  • Ananda Endo, Universidade de São Paulo

    Mestre em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, FFLCH-USP.

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Publicado

2025-04-29

Edição

Seção

Dossiê - Nas tramas da cidade: produção de territórios, mercados, conflitos

Dados de financiamento

Como Citar

Endo, A. (2025). Vidas foragidas: circuitos urbanos de sobrevivência pós-cárcere. Tempo Social, 37(1), 67-88. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2025.230351