Artifícios ideológicos do colonialismo na interpretação do Brasil de Antonio Candido (1965-1966)
DOI:
https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2025.233297Palavras-chave:
Colonialismo, Historiografia Brasileira, Crítica anticolonialResumo
Entre 1965 e 1966, Antonio Candido redigiu Nature, élements et trajectoire de la culture brésilienne (1965) e Literatura de dois gumes (1966), textos nos quais apresentou reflexões sobre a dimensão colonial da formação brasileira, com foco nas manifestações culturais e literárias nacionais. Nos ensaios, destaca-se, de forma original, o fato de o crítico ter identificado que algumas noções cristalizadas pela historiografia brasileira, como as ideias de “democracia racial” e “cordialidade”, eram desdobramentos, no campo intelectual, do colonialismo, isto, é, da pilhagem mental historicamente operada pelo centro do capitalismo nas Américas e na África ao longo da modernidade. Como decorrência, o crítico elaborou uma leitura anticolonial da realidade nacional, voltada à desestabilização das leituras hegemônicas de nossa formação.
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