O que tem de novo nas novas formas de trabalho? Uma análise a partir da economia política feminista

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2025.234337

Palavras-chave:

Mercado de trabalho brasileiro, Economia política feminista, Gênero, Raça e classe

Resumo

Este artigo contribui para os estudos sobre as transformações recentes no mercado de trabalho brasileiro, orientado pela economia política feminista, para discutir dimensões de gênero, raça e classe. A partir de uma análise dos microdados da PNADC/IBGE para os anos de 2016, 2019 e 2022, examinamos a evolução das principais variáveis que refletem a situação de exploração, discriminação e exclusão das mulheres no mercado de trabalho. O artigo discute as complexas interações entre as esferas da produção e reprodução, o aprofundamento da precariedade e informalidade no trabalho e o surgimento de novas formas de ocupação. Essas novas modalidades de trabalho, embora possam oferecer alternativas de emancipação, também reforçam discursos liberais de  "empreendedorismo” como soluções para a exclusão social, perpetuando padrões históricos de desigualdade.

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Biografia do Autor

  • Lygia Sabbag Fares, City University of New York

    Professora de Economia no John Jay College (City University of New York-Cuny) e do Brooklyn Institute for Social Research, Estados Unidos. Doutora em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), foi pesquisadora visitante na York University, Canadá. Mestre em Políticas Trabalhistas e Globalização pela Kassel University, Alemanha. Possui especialização em Economia do Trabalho (Unicamp) e bacharelado em Relações Internacionais. Áreas de pesquisa: capitalismo em países subdesenvolvidos, trabalho e gênero. Foi diretora do Departamento de Alternativa de Renda na  Secretaria de Política para Mulheres da cidade de São Paulo.

  • Margarita Olivera, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Professora e pesquisadora do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ) desde 2015. Leciona as disciplinas “Economia e Feminismos” e “Experiências de Desenvolvimento Comparadas” na graduação, e “Economia Feminista, Pensamento Decolonial e Globalização” no Programa de Pós-Graduação em Economia Política Internacional (Pepi/UFRJ). Coordena o projeto de extensão “Economia e Feminismos” e o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Economia e Feminismos (NUEFEM/IE-UFRJ). É integrante da Rede Brasileira de Economia Feminista (Rebef ). Doutora em Economia Política pela Universidade La Sapienza de Roma (2009) e graduada em Economia pela Universidade de Buenos Aires (2003), seus temas de pesquisa incluem: economia feminista, feminismo decolonial, teoria da reprodução social e desenvolvimento econômico latino-americano.

  • Beatriz Schwenck, Universidade Estadual de Campinas

    Pesquisadora associada do Cessma – Centro de Estudos em Ciências Sociais dos Mundos Africanos, Americanos e Asiáticos da Université de Paris-Cité (França). Doutora em Sociologia pela Unicamp e pela Université de Paris-Cité. Especialista em Políticas Públicas e Justiça de Gênero pelo Conselho Latino-americano de Ciências Sociais. Militante do movimento feminista Marcha Mundial das Mulheres. São temas de interesse: economia solidária, economia feminista, trabalho, gênero, políticas públicas.

  • Giovanna Angeloti, Universidade Federal de Santa Maria

    Pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Maria e graduada pela mesma instituição. Tem como interesses de pesquisa: os estudos de gênero, políticas públicas e as relações internacionais.

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Publicado

2025-08-30

Edição

Seção

Dossiê - Trabalho não-assalariado e direitos sociais

Como Citar

Fares, L. S. ., Olivera, M. ., Schwenck, B., & Angeloti, G. (2025). O que tem de novo nas novas formas de trabalho? Uma análise a partir da economia política feminista. Tempo Social, 37(2), 1-20. https://doi.org/10.11606/0103-2070.ts.2025.234337