Representação e ação dos operadores do sistema penal no Rio de Janeiro
DOI:
https://doi.org/10.1590/ts.v9i1.86444Palavras-chave:
Polícia, Racismo, Violência, Segurança pública, Direitos humanosResumo
Não se compreende como os meios de comunicação (e mesmo acadêmicos) consigam falar e escrever sobre a violência do Rio de Janeiro e suas favelas sem aludir à desproporcional visibilidade dos negros como agentes ou vítimas. O artigo sustenta que o racismo desempenha importante papel no processo e que, talvez devido à representação corrente de que o Brasil é uma democracia racial, os agentes públicos podem discriminar pessoas negras sem sequer suspeitarem de que o fazem. A análise é baseada nas diferentes visões do problema como percebido por pessoas da “classe média”, de um lado, e por pessoas “pobres” de outro, e também em casos concretos de racismo levados ao sistema penal. No que tange às estratégias de intervenção policial, parece claro que em razão da hierarquização social característica de nossa sociedade, qualquer ação há que ir além do círculo vicioso das medidas organizativas como se costuma acreditar seja a solução, e corresponder a necessidades de natureza diversa. Como ponto de partida a concepção militarista do papel da polícia que perpassa a área de segurança pública no Brasil, em prejuízo da maioria da população, máxima dos mercados pela cor da pele (o foco é o Rio de Janeiro). Inadiável a incorporação à prática do setor, como questões centrais de temas como “polícia democrática”, “polícia comunitária”, “discriminação”, etc.
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