O des-re-habitar no desastre socioambiental em Maceió-AL
DOI:
https://doi.org/10.11606/2175-974x.virus.v30.239649Palavras-chave:
Des-re-habitar, Desastre socioambiental, Braskem, MaceióResumo
Este artigo apresenta um olhar multilateral para os confrontos entre forças naturais e edificadas, numa região onde se configura o maior desastre socioambiental em curso no mundo, que acontece na cidade de Maceió, Alagoas, Brasil. O ocorrido resultou no afundamento total ou parcial de cinco bairros da cidade — Pinheiro, Mutange, Farol, Bebedouro e Bom Parto — devido à excessiva extração de sal-gema executada pela empresa Braskem. Buscando compreender as consequências do desastre em termos de (des)ocupação espacial, privilegiou-se como parâmetro metodológico a experiência empírica, partindo do levantamento de dados (observação de dinâmicas pós-desastre e registros fotográficos) e um embate entre imagens para o reconhecimento de transformações paisagísticas causadas pela remoção forçada dos moradores das áreas afetadas. Desta forma, o artigo dialoga com os confrontos e insurgências que se relacionam em meio ao desastre na cidade, resultando no reconhecimento de permanências e rastros de um outro habitar — seja pela vegetação que cresceu, pelos escritos nos muros deixados por ex-moradores, pelo silêncio da área abandonada ou o som de máquinas de demolição — que ressaltam o significado das camadas temporais e simbólicas dessa região em ruínas. Neste sentido, percebemos o desastre como um processo contínuo de metamorfose territorial, onde há uma coexistência das presenças e ausências. E assim, os contrastes temporais se acentuam e as relações entre espaço, tempo e formas de vida indicam a pertinência em revisar o conceito de habitar o urbano. Trata-se não apenas de questões de gestão, mas, em especial, a ideia de compartilhar e conviver de uma forma mais integrada, através da interlocução entre seres (humanos e não humanos) em diferentes temporalidades e no mesmo espaço, construindo outras espacialidades.
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