Cidades para quem? Vida urbana e corpos vulneráveis

Resumo

Este artigo analisa a localização sistemática de pessoas em situação de rua (PSR) no Rio de Janeiro e em Nova York, com base em pesquisa financiada pela FAPERJ e pelo CNPq. O artigo explora e destaca a experiência imprevisível e desigual de inclusão e pertencimento, que é afetada pela falta de direitos e pela mobilidade forçada. A metodologia empregada envolve o georreferenciamento das PSR por meio de entrevistas semiestruturadas e registros fotográficos ou de desenhos. Essa abordagem, implementada em diversos bairros do Rio de Janeiro (RJ) e em Manhattan, Cidade de Nova York (NYC), possibilita um maior diálogo sobre o conflito e as convergências de experiências entre cidades da América Latina e da América do Norte. Os resultados reforçam a visibilidade espacial das populações vulneráveis, que são parte do tecido urbano, mas, enfrentam marginalização sistêmica devido a políticas habitacionais e de planejamento urbano inadequadas. Os resultados demonstram como as comunidades de PSR se formam em áreas urbanas, constituindo coletivamente o que denominamos cidade invisível. Os resultados também ressaltam o papel de atores urbanos envolvidos em lutas de poder e a necessidade de iniciativas de planejamento urbano contra-hegemônicas. Com o apoio do conceito de cidade capitalista, da Teoria do Afeto de Anderson e da estrutura de dimensões públicas, os dados coletados contribuem para uma compreensão realista e voltada para o futuro da vida urbana contemporânea.