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O autor original por trás das primeiras transmissões de voz e música por ondas de rádio do mundo

O rádio, a mídia de maior penetração no planeta, nasceu de maneira surpreendente: em um país periférico, distante dos grandes centros de ciência. A façanha foi realizada por um padre católico brasileiro que trabalhava sozinho e dispunha de poucos recursos.

A pesquisa realizada por Hamilton Almeida, jornalista e escritor, surpreende por sua narrativa dos acontecimentos que marcaram o surgimento do rádio, em artigo publicado recentemente na revista Khronos, especializada em História da Ciência e editada pela Universidade de São Paulo.

“16 de julho de 1899. Na fria manhã de domingo, ilustres personagens se aglomeraram em uma sala de aula do Colégio Santana, zona norte da capital paulista: o fundador e diretor da Escola Politécnica, Antônio Francisco de Paula Souza, empresários, o gerente da Companhia Telefônica, funcionários do Telégrafo Nacional e jornalistas de O Estado de S.Paulo, Correio Paulistano e O Commercio de São Paulo, entre outras pessoas.

Todos foram atraídos por um convite do pároco da Capela de Santa Cruz e capelão do colégio, então denominado das Irmãs de São José, que prometia realizar uma “experiência de telefonia sem fios” com artefatos que ele próprio havia criado. Telefonia sem fio era o nome que, no final do século XIX, se dava para o que seria o rádio.”

Segue a narrativa: “Depois, o sacerdote agarrou o longo tubo da engenhoca e colocou a voz em ondas de rádio: – Toquem o Hino Nacional. Na outra ponta de recepção/irradiação, instalada a quase 4 km dali, na Ponte Grande (atual Ponte das Bandeiras), sobre o rio Tietê, o som do Hino Nacional foi gerado, provavelmente, por um gramofone com um disco plano, acionado por uma manivela. A música aturdiu os ouvintes, ao lado do sacerdote. Embora a solenidade tenha sido cuidadosamente organizada., o inventor não recebeu o patrocínio que precisava para desenvolver a máquina que falava.”

O protagonista desta façanha não reconhecida era o Padre Landell, cujo talento inventivo reluziu nos primeiros anos da República, cuja Proclamação, em 1889, representou a ascensão do positivismo ao poder e o nascimento do Estado laico. Ser padre e cientista não era visto com simpatia pela Igreja nem pela sociedade. Ele divergia: “Desejo mostrar ao mundo que a Igreja Católica não é inimiga da ciência e do progresso humano. (…) Eu mesmo me encontrei em oposição com os meus irmãos na fé. No Brasil, uma multidão supersticiosa, acusando-me de estar em parceria com o diabo, invadiu o meu escritório e quebrou os meus aparelhos.”

Saiba mais, lendo na íntegra este surpreendente artigo publicado pela revista Khronos e disponível no Portal de Revistas USP:

Almeida, H. (2023). Padre Landell: o autor das primeiras transmissões de voz e música por ondas de rádio do mundo. Khronos, (14), 120-143. https://doi.org/10.11606/issn.2447-2158.i14p120-143

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