Dimensões da escuta na escrita feminista de Esboço, de Rachel Cusk
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i27p212-227Palavras-chave:
Rachel Cusk, Esboço, Escuta, Estudos de gênero, LiteraturaResumo
O artigo analisa o livro Esboço (2019), de Rachel Cusk, a partir da problematização do conceito de escuta. Na obra, uma personagem-narradora é responsável por mediar uma série de conversações, nas quais atua sobretudo por meio de uma escuta crítica, que ultrapassa o terreno do ordinário ao propor uma escavação das trajetórias dos personagens. Essa escuta aproxima-se também da própria prática da escrita, acenando para procedimentos metalinguísticos e tangenciando o posicionamento político-feminista da escritora. Nesse sentido, a escuta constrói diferentes tipos de feminilidade, convocando à discussão de tensões e negociações sobre a outorga da voz e recuperando sentidos da maternidade e da sexualidade relacionados à audição.
Downloads
Referências
BARTHES, Roland. Lo obvio y lo obtuso. Imágenes, gestos y voces. Barcelona: Paidós, 1986.
CARSON, Anne. O gênero do som. Revista Serrote, Rio de Janeiro, n. 34, p. 114-136, 2020.
CUSK, Rachel. A life’s work: on becoming a mother. New York: Picador, 2015.
CUSK, Rachel. Esboço. Tradução Fernanda Abreu. São Paulo: Todavia, 2019.
CUSK, Rachel. Saldo final. Piauí, n. 143, ago. 2018. Disponível em <https://piaui.folha.uol.com.br/materia/saldo-final/>. Acesso em 17 jun. 2020.
DOHERTY, Maggie. Rachel Cusk’s struggle to break free from conventional life. The Nation, Sept. 27, 2018. Disponível em: <https://www.thenation.com/article/archive/rachelcusk-kudos/>. Acesso em 17 jun. 2020.
FREUD, Sigmund. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
FLORES, Maria Bernardete Ramos. Androginia e surrealismo a propósito de Frida e Ismael – velhos mitos: eterno feminino. Revista de Estudos Feministas, Florianópolis, v. 22, n. 3, p. 815-837, dez. 2014.
GARCÍA MÁRQUEZ, Gabriel. Cómo se cuenta un cuento. Santa Fe de Bogotá: Voluntad, 1995.
GORJON, Melina; MEZZARI, Danielly; BASOLI, Laura. Ensaiando lugares de escuta: diálogos entre a psicologia e o conceito de lugar de fala. Quaderns de Psicologia, v. 21, n. 1, p. 1-11, 2019.
HOLDEFER, Camila Von. Detalhes não são banais em obra que destaca várias formas de manipulação. Folha de S. Paulo, Ilustrada, 31 ago. 2019. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/08/detalhes-nao-sao-banais-em-obra-quedestaca-varias-formas-de-manipulacao.shtml>. Acesso em 17 jun. 2020.
JULAVITS, Heidi. Rachel Cusk’s Outline. New York Times, Book Review, Jan 7, 2015. Disponível em: <https://www.nytimes.com/2015/01/11/books/review/rachel-cusksoutline.html>. Acesso em 17 jun. 2020.
KEGLER, Paula; SANDER, Gabrielle Krupp. O silêncio em palavras mudas e ausentes: uma escuta psicanalítica. Contextos Clínicos, São Leopoldo, v. 11, n. 1, p. 122-135, jun. 2018.
KILOMBA, Grada. Plantation Memories: Episodes of Everyday Racism. Münster: Unrast Verlag, 2010.
LIBRANDI-ROCHA, Marília. Escritas de ouvido na literatura brasileira. Literatura e Sociedade, Universidade de São Paulo, São Paulo, n. 19, p. 131-148, abr. 2015.
LLOSA, Mario Vargas. Borges em sua casa. Uma entrevista de Mario Vargas Llosa. El País, Cultura, 14 jun. 2020. Disponível em <https://brasil.elpais.com/cultura/2020-06-14/borges-em-sua-casa-uma-entrevista-de-mario-vargas-llosa.html>. Acesso em 17 jun. 2020.
MACEDO, Mônica Medeiros Kother; FALCÃO, Carolina Neumann de Barros. Psychê, n. 15, São Paulo, jan.-jun./2005, p. 65-76.
NANCY, Jean-Luc. À escuta. Belo Horizonte: Chão da Feira, 2014.
NETTO, Irinêo Baptista. “Esboço” é simples na forma, mas fala de coisas difíceis. Plural, Cultura, 24 jul. 2019. Disponível em: <https://www.plural.jor.br/noticias/cultura/esboco-esimples-na-forma-mas-fala-de-coisas-dificeis/>. Acesso em 17 jun. 2020.
NOGUEIRA, Isabel Porto. Lugar de fala, lugar de escuta: criação sonora e performance em diálogo com a pesquisa artística e com as epistemologias feministas. Revista Vórtex, Curitiba, v. 5, n. 2, 2017, p. 1-20.
OBICI, Giuliano Lamberti. Condição da escuta: mídias e territórios sonoros. Rio de Janeiro: 7Letras, 2008.
OCHOA GAUTIER, Ana María. Aurality: Listening and Knowledge in Nineteenth-Century Colombia. Durham/London: Duke University Press, 2014.
REYNER, Igor Reis. Pierre Schaeffer e sua teoria da escuta. Opus, Porto Alegre, v. 17, n. 2, p. 77-106, dez. 2011.
RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento: Justificando, 2017.
STRICK, Charlotte. How Rachel Cusk’s Outline Trilogy Got Those Iconic Covers. Lit Hub. July 31, 2018. Disponível em: <https://lithub.com/how-rachel-cusks-outline-trilogy-gotthose-iconic-covers/>. Acesso em 17 jun. 2020.
THURMAN, Judith. Rachel Cusk Gut-Renovates the Novel. July 31, 2017. Disponível em:<https://www.newyorker.com/magazine/2017/08/07/rachel-cusk-gut-renovates-the-novel>. Acesso em 17 jun. 2020.
WADE, Francesca. Interview with Rachel Cusk. The White Review, August 2019. Disponível em: <https://www.thewhitereview.org/feature/interview-rachel-cusk/>. Acesso em 17 jun. 2020.
ZULAR, Roberto. O ouvido da serpente: algumas considerações a partir de duas estrofes de “Esboço de uma serpente” de Paul Valéry. In: RIOS, Cleusa Rios Pinheiro Passos; ROSENBAUM, Yudith. Interpretações: crítica literária e psicanálise. Cotia: Ateliê, 2014, p. 213-229.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Ana Roiffe

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-ShareAlike 4.0 International License.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
a. Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).