Cinco visões sobre a terra na geofilosofia de Nietzsche
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2179-0892.geousp.2018.141353Palavras-chave:
Hermenêutica nietzschiana, terra, geofilosofia, epistemologia da geografia, filosofia da geografiaResumo
Nietzsche é, reconhecidamente, um pensador de espírito iconoclasta, assim como um demolidor de ídolos, visões de mundo e fundamentos morais. Porém, há outro movimento igualmente valioso em sua filosofia que parece ter ficado em segundo plano. Tal movimento nos convoca a compreendê-lo também como um pensador edificante e propositivo, trazendo em seus escritos, bases para pensar uma nova Ciência e Filosofia, afirmando outras realidades, novos valores, assim como perspectivas de vida e mundo. Por este caminho, Nietzsche seria fundamental à uma hermenêutica que teria forte reverberação na geografia fenomenológica contemporânea. Em nossa interpretação, a filosofia nietzschiana guarda consigo uma cosmologia surpreendente e perturbadora. Uma compreensão e visão de mundo particular que, se desdobrada com atenção, é capaz de dispor uma postura hermenêutica sobre a existência, assim como uma geofilosofia interpretativa. É sobre os alicerces dessa possível cosmologia e geofilosofia nietzschiana que nossa investigação se debruça. Nosso esforço se vale por escavar, inicialmente, a multiplicidade da terra, enquanto um dos termos basilares desta cosmologia. A partir dela nos permitiremos pensar outras reverberações geográficas e filosóficas de semelhante valia, a exemplo de cosmo e mundo.
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