Estreitando alianças, criando crentes moçambicanos. Notas sobre a cooperação entre a Igreja Universal do Reino de Deus e a Frelimo na cidade de Maputo
DOI:
https://doi.org/10.11606/2179-0892.ra.2019.165231Palavras-chave:
Igreja Universal do Reino de Deus, Moçambique, Frelimo, religião vividaResumo
A partir do trabalho de campo realizado entre jovens crentes da Igreja Universal do Reino de Deus em Maputo, capital de Moçambique, este artigo analisa os elementos que articulam a igreja, os fiéis e o partido governante, a Frelimo, em torno de uma comunidade de pertencimento chamada Família Universal Moçambique. Como ponto de partida, o texto realiza uma “análise de situação social” da primeira visita oficial de um Presidente da República à sede nacional da IURD, um evento público que reuniu fiéis, não fiéis, lideranças religiosas e políticas durante a campanha eleitoral de 2014. Além deste evento, apresenta dados sobre a religião vivida cotidianamente pelos crentes e o posicionamento institucional da IURD no contexto moçambicano, ora incorporando, ora demonizando determinados aspectos da cultura local. Ao final, demonstra como a identidade iurdiana era acionada na construção de uma noção específica de ser moçambicano, quais moralidades estavam sendo disputadas como legítimas e o ideal de sociedade que se reivindicava discursiva e ativamente a partir do pertencimento religioso.Downloads
Referências
ALMEIDA, Ronaldo de. 2009. A Igreja Universal e seus demônios. São Paulo, Terceiro Nome.
BRITO, Luis de. 2008. “Uma Nota Sobre Voto, Abstenção e Fraude em Moçambique”. Discussion paper n.º 4. Maputo, IESE.
CABAÇO, José Luís. 2009. Moçambique: identidade, colonialismo e libertação. São Paulo, UNESP.
CAVALLO, Giulia. 2013. Curar o passado: mulheres, espíritos e caminhos fechados nas Igrejas Zione em Maputo. Lisboa, tese de doutorado, Instituto de Ciências Sociais.
CRUZ e SILVA, Teresa. 2001. Igrejas Protestantes e a consciência política no sul de Moçambique: o caso da Missão Suíça (1930 -1974). Maputo, Promédia.
CRUZ e SILVA, Teresa. 2003. “Igreja Universal em Moçambique”. In: ORO, Ari Pedro; CORTEN, André; DOZON, Jean-Pierre (org.). Igreja Universal do Reino de Deus: os novos conquistadores da fé. São Paulo, Paulinas, pp. 123-135.
FRESTON, Paul. 2005. “The Universal Church of the Kingdom of God: a Brazilian Church Finds Success in Southern Africa”. Journal of Religion in Africa, n. 35, v. 1:33-65.
FRY, Peter. 2000. “O Espírito Santo contra o Feitiço e os espíritos revoltados: ‘civilização’ e ‘tradição’ em Moçambique”. Revista Mana n. 6, v. 2:65-95.2001 Moçambique: ensaios. Rio de Janeiro, UFRJ.
GIFFORD, Paul. 1998. African Chistianity: its public role. Indiana University Press, Bloomington, Indiana.
GLUCKMAN, Max. 2010. “Análise de uma situação social na Zululândia Moderna”.In: FELDMANBIANCO, Bela (org). Antropologia das sociedades contemporâneas. São Paulo, UNESP.
GOMES, Edlaine Campos. 2011. A Era das Catedrais: a autenticidade em exibição. Rio de Janeiro, Garamond.
HALL, David. 1997. Lived Religion in America: Toward a History of Practice.Pinceton, Princeton University Press.
HELGESSON, A.1994. Church, State and People in Mozambique: an Historical Study With Special Enphasis on Methodist Developments in Inhambane Region. Uppsala, Swedish Institute of Missionary Research.
HONWANA, Alcinda. 2002. Espíritos vivos, tradições modernas: possessão de espíritos e reintegração social pós-guerra no sul de Moçambique. Maputo, Promédia Editora.
KAMP, Linda Van de. 2016. Violent Conversion: Brasilian Pentecostalism and the Urban Pioneering of Women in Mozambique. Rochester, James Currey.
LIMA, Diana. 2007. “’Trabalho’, ‘mudança de vida’ e ‘prosperidade’ entre fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus”. Religião e Sociedade, v. 27, n.1: 132-155.
MACAGNO, Lorenzo. 2009. Fragmentos de uma imaginação nacional. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 24 n. 70: 17-35
MACEDO, Edir. 2010. Fé Racional. Rio de Janeiro, Unipro.
MACEDO, Edir; OLIVEIRA, Carlos. 2008. Plano de Poder: Deus, os cristãos e a política. Rio de Janeiro, Thomas Nelson Brasil.
MAFRA, Clara. 2002. Na Posse da Palavra. Religião, Conversão e Liberdade Pessoal em Dois Contextos Nacionais. Lisboa, Imprensa de Ciências Sociais.
MAFRA, Clara; SWATOWISKI, Claudia; SAMPAIO, Camila. 2012. “O projeto pastoral de Edir Macedo: uma igreja benevolente para indivíduos gananciosos?”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 27: 81-96.
MAHUMANE, Jonas. 2008. Representações e percepções sobre crenças e tradições religiosas no Sul de Moçambique: o caso das Igrejas Zione. Lisboa, tese de mestrado, Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa.
MAZULA, Brazão; MBILANA, Guilherme. 2003. “O papel das organizações da sociedade civil na prevenção, gestão e transformação de conflitos: a experiência de Moçambique”. Comunicação apresentada na Conferência co-organizada pela Faculdade de Direito da Universidade Católica de Angola (UCAN) e pela Fundação Friedrich Ebert sobre “ Prevenção, Gestão e Transformação de Conflitos Eleitorais na Região da SADC” em dia 27 de Novembro de 2003 Online: http://library.fes.de/pdf-files/bueros/angola/hosting/upd03_04mbilana.pdf.
MBEMBE, Achille. 2006. “The Banality of Power and the Aesthetics of Vulgarity in the Postcolony”. In: SHARMA, Aradhana & GUPTA, Akhil. The Anthropology of the State. A Reader. Oxford, Blackwell Publishing, pp. 381-400.
MESQUITA, Wânia. 2007. “Correndo atrás da Prosperidade: Trabalho e Empreendedorismo entre fiéis neopentecostais”. Ciências Sociais e Religião, Vol. 9, Núm. 9 (2007): 195-215.
MEYER, Birgit. 1999. Translating the devil: religion and modernity among the Ewe in Ghana. Edinburgh, Edinburgh University Press for the International African Institute.
NILSSON, Anders. 2001. Paz na nossa época. Para uma compreensão holística de conflitos na sociedade mundial. Goterbog, CEEI-ISRI.
NUVUNGA, Adriano. 2013. “Política e eleições em Moçambique: as experiências de Angoche e Nicoadala. In: L. de Brito et al. (Orgs.). Desafios para Moçambique 2013. Maputo, Instituto de Estudos Sociais e Económicos. pp. 39-54.
ORSI, Robert. 2010. The Madonna of 115th Street: Faith and Community in Italian Harlem, 1880-1950. New Haven, Yale University Press, 3 Ed.
PASSADOR, Luiz Marcos. 2011. Guerrear, casar, pacificar e curar: o universo da “tradição” e a experiência com o HIV/Aids no distrito de Hemoíne, sul de Moçambique. Campinas, tese de doutorado, Universidade Estadual de Campinas.
REIS, Lívia. 2018. Ser Universal: crentes engajados e práticas cotidianas na cidade de Maputo. Rio de Janeiro, tese de doutorado, Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
ROSAS, Nina. 2012. “As ações sociais da Igreja Universal: recrutamento e empreendedorismo no ‘A Gente da Comunidade’ de Belo Horizonte”. Ciências Sociais e Religião, Vol. 14, Núm. 17 (2012): 27-51.
SAMPAIO, Camila. 2014. Através e apesar da “Reconstrução Nacional” em Angola: circunstâncias e arranjos nos limites da vida. Rio de Janeiro, tese de doutorado, Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
SCHELIGA, Eva Lenita. 2010. Educando sentidos, orientando uma práxis: etnografia das práticas assistenciais de evangélicos brasileiros. São Paulo, tese de doutorado, Universidade de São Paulo.
SUMICH, Jason. 2015. “The Uncertainty of Prosperity: Dependence and the Politics of Middle Class Privilege in Maputo”. Ethnos, n.1: 1-21.
TEIXEIRA, Jacqueline Moraes. 2016. A mulher universal: corpo, gênero e pedagogia da prosperidade. Rio de Janeiro, Mar de Ideias - Navegação Cultural.
VAN WYK, Ilana. 2014. The Universal Church of the Kingdom of God in South Africa: a church of strangers. Cambridge, Cambridge University Press.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Revista de Antropologia
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores que publicam na Revista de Antropologia concordam com os seguintes termos:
a) Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
b) Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
c) Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).